Zelaya desconfia de diálogo com Micheletti

Zelaya lê documento na embaixada brasileira em Tegucigalpa (Foto: Edgard Garrido/Reuters) Tegucigalpa – O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse na segunda-feira (5) que desconfia do diálogo com o […]

Zelaya lê documento na embaixada brasileira em Tegucigalpa (Foto: Edgard Garrido/Reuters)

Tegucigalpa – O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse na segunda-feira (5) que desconfia do diálogo com o governo de facto para uma saída para a crise, e pediu a abertura da embaixada brasileira, onde ele está refugiado, para receber tanto partidários quanto adversários.

Funcionários do governo provisório afirmaram que na quarta-feira (7) – quando chega ao país uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) – será instalado um diálogo nacional, mas não deram detalhes sobre quem serão os participantes.

“Em relação ao diálogo que eles convocaram, não tenho nenhuma confiança nem credibilidade, me parece que é um jogo a mais, ao qual a comunidade internacional não deve se prestar”, disse Zelaya na segunda-feira (5) por telefone à Reuters.
“Para que esse diálogo seja efetivo (…) preciso falar com meus opositores para encontrar o caminho da solução”, acrescentou.

Zelaya foi expulso de Honduras há cem dias, num golpe militar provocado por suas intenções de alterar a Constituição de modo a poder disputar um novo mandato, o que irritou empresários, políticos e juízes conservadores.

Ele voltou clandestinamente do exílio há duas semanas, e desde então se abrigou na embaixada do Brasil, de onde faz campanha para retornar ao poder. Ele disse que pretende ficar o mínimo possível na embaixada, onde estão também sua esposa e dezenas de seguidores. O prédio está cercado por policiais e militares.

Na segunda-feira, o presidente interino Roberto Micheletti revogou um decreto que restringia as liberdades civis, o que elevou as expectativas de um possível diálogo. Durante sua vigência, o governo fechou dois veículos de comunicação simpáticos ao governo deposto.

“O decreto foi uma armadilha, nada mais, para cancelar os meios de comunicação que são opositores ao regime (…). (Mesmo com a revogação, as autoridades) não vão abrir esses meios de comunicação”, acrescentou Zelaya.

Micheletti sugere que uma possível solução para a crise seria a renúncia de ambos à presidência, com a nomeação de um presidente interino. Zelaya rejeitou essa saída.
“Quem decide quem é o presidente de um país é a maioria do povo, o sr. Micheletti com que propriedade fala em nome do povo, quando foi uma cúpula militar que o colocou (no cargo)”, afirmou.

Zelaya reiterou seu apoio à proposta do mediador costarriquenho Oscar Arias, que prevê a restituição de Zelaya na presidência e a formação de um governo de unidade nacional.

O presidente deposto disse que uma condição para a aceitação do plano de Arias seria que a assinatura se desse na embaixada brasileira, onde afirmou se sentir a salvo das ameaças de morte que teria recebido.

Fonte: Reuters

 

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