Triste por polêmicas, ator Zé de Abreu pede que MinC se explique mais

Abreu espanta-se com visibilidade do ministério, apesar de contar com menos de 1% do orçamento (Foto: Blogprog/Divulgação) São Paulo – O ator José de Abreu lamenta o episódio que resultou […]

Abreu espanta-se com visibilidade do ministério, apesar de contar com menos de 1% do orçamento (Foto: Blogprog/Divulgação)

São Paulo – O ator José de Abreu lamenta o episódio que resultou na dispensa do sociólogo Emir Sader da presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa. Ele diz torcer pelo sucesso da gestão de Ana de Hollanda no Ministério da Cultura e mostra-se surpreso com a sequência de problemas relacionados a uma pasta que tem menos de 1% do orçamento da União. Apesar disso, ele acredita que os atritos do início de gestão vão se acomodar.

Sader havia sido indicado mas, antes mesmo de tomar posse, teve sua nomeação cassada pela ministra Ana de Hollanda. O epicentro do problema foram declarações de Sader à Folha de S.Paulo, em que chamava a ministra de “meio autista”, além de fazer críticas à pasta e à própria fundação. Na manhã desta quinta (3), foi anunciado o nome do substituto, o sociólogo Wanderley Guilherme dos Santos.

“Acho um tanto quanto triste, porque torço para a Ana, para o (Antonio) Grassi e torcia para o Emir”, resume. Ele considera que o teor das declarações foi equivocado. “Ele (Emir) passou um pouco do ponto, não poderia falar isso da ministra. Ouvi o áudio que a Folha botou no ar. Vendo escrito é muito mais grave, mas, ouvindo, fica um comentário menor. Não acho que ela (Ana de Hollanda) tenha feito isso confortavelmente”, opina Zé de Abreu.

Para o ator, a explicação para a proporção que decisões de Ana de Hollanda têm tomado relacionam-se à visibilidade do ministério, que se contrapõe ao orçamento da pasta. Em 2011, os recursos previstos correspondiam a 0,7% de todas as receitas de impostos da União. Com os cortes anunciados pelo governo em fevereiro, a verba caiu quase 40%.

A primeira polêmica data de janeiro, quando o MinC tirou a licença Creative Commons do site institucional, substituindo por uma autorização para reprodução. Para ativistas ligados à cultura digital, a troca é grave por sinalizar possíveis mudanças na postura de diálogo e de mediação no debate sobre direitos autorais, protagonizadas pela pasta nos últimos anos. A indicação, por parte de um advogado do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) para a Diretoria de Direitos Intelectuais (DDI) foi visto como sequência dessa nova linha.

Além disso, há queixas de Pontos de Cultura em relação à falta de repasses de recursos do programa Cultura Viva. Tampouco foram abertos novos editais para pontos, prêmios e outras formas de financiamento cultural que caracterizaram os oito anos anteriores no MinC.

“A questão do Creative Commons não está totalmente explicada, mesmo com a entrevista boa do Grassi publicada hoje (na quarta-feira 2)”, avalia Zé de Abreu. “O ministério tem de falar, ela, o Grassi, o Vitor (Ortiz, secretário executivo)”, completa. Ele acredita que alguns episódios ainda no governo Lula geraram “atritos desnecessários” entre setores envolvidos na área cultural.

As hashtags no Twitter #ForaGrassi e #ForaAnadeHolanda, pedindo a cabeça do presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Antonio Grassi, e da própria ministra, são exemplos do que Abreu considera como excessos. Ele afirma que não há motivos para acreditar que Ana de Hollanda queira destruir o que foi feito na gestão anterior e mostra-se otimista: “As coisas vão se acomodar”.