­Fim (de semana) de Palocci nas redes sociais(?)

Antonio Palocci (Foto: Elza Fiúza/ABr) [email protected] internauta, o objetivo deste texto é mostrar como foi um final de semana nas redes sociais para um importante ministro do governo Dilma, assim […]

Antonio Palocci (Foto: Elza Fiúza/ABr)

[email protected] internauta, o objetivo deste texto é mostrar como foi um final de semana nas redes sociais para um importante ministro do governo Dilma, assim como foi no governo Lula, o sr. Antonio Palocci Filho.

Sobre a estratégia de comunicação a ser adotada e a análise da conjuntura política refletida com as acusações sobre Palocci, não vou me atrever a chover no molhado, pois parece meio óbvio.

Resumindo: serve como gancho para abrir suspeitas sobre a campanha eleitoral de 2010, passando pela necessidade de paralisar o governo Dilma e gerar uma crise política na base governista no congresso nacional, com vistas às eleições de 2012, ante-sala da sucessão presidencial de 2014; e neste momento, deixando o governo refém nas negociações de temas importantes para o país, como o Código Florestal e a Reforma Política, sem contar a ocupação de postos estratégicos na máquina governamental.

Até aí tudo certo e legítimo, o jogo é jogado e o lambari é pescado. O que vale é a correlação de forças no Congresso e de que forma e com quem ela é construída (painéis da Câmara e Senado ou movimentos sociais). É uma questão de opção e muitas vezes de prioridade na agenda da política pública do governo.

No caso dos movimentos sociais e de movimentos da sociedade civil, quanto mais organização e poder de mobilização melhor, pois os painéis da Câmara e do Senado já têm sua dinâmica, o voto. E aí o governo precisa de governabilidade e muito samba no pé.

Sobre outras questões analíticas sugiro o texto do Rodrigo Vianna (@rvianna) “Palocci e as escolhas de Dilma”.

Vamos aos números e suas telas na ferramenta de monitoramento de redes sociais Planeta MPI. A análise técnica compreende o período entre o dia 20 de maio (sexta-feira), à partir das 15h e 22 de maio de 2011(domingo) até às 16h55.

MPI_palocci

Tela de abertura do Planeta MPI com análise do termo “Palocci” entre os dias citados

Selecionamos algumas citações no Twitter e Facebook que, dentro deste recorte, exemplificam muito bem aquilo que reflete a “Analise de Sentimento” apurado neste fim de semana.

MPI_palocci_facebook

Recorte da Análise de Sentimento do termo “Palocci” no Facebook.

MPI_palocci_3

Recorte da Análise de Sentimento do termo “Palocci” no Twitter.

MPI_palocci_4

Parte do relatório gerado pelo sistema Planeta MPI para averiguação do termo “Palocci” nas redes sociais. Vale ressaltar que não cruzamos o termo pesquisado com outros.

 
Números
  • Total de Menções dia 20/05 – 8.068
  • Total de Menções dia 21/05 – 20.780
  • Total de Menções dia 22/05 – 8.116 (até 16h55)
  • Total de Menções no Período: 36.964 –
  • Sentimento: 85,93% negativo, 3,7% neutro e 10,37% positivo
  • Indicador de aceitação nas redes sociais de 0 a 100 = 11
 

Ao analisar as manifestações, notam-se quatro tipos de ação nas redes sociais:

  1. Recall do caso Francenildo: muito fresco na memória de todos e propagado, por exemplo, pelo respeitado, odiado e amado @blogdonoblat. Isto dá um caldo na consolidação da imagem negativa do Palocci, PT, governo e Dilma.
  2. Trolls: a tropa de trollstucanos, já identificados com os seus perfis no twitter, assim como os seus blogueiros limpos e cheirosos Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, sem contar é claro a Catanhede. Cadê o Mainardi?
  3. Maioria: a grande maioria de internautas que se expressam sobre o tema nas redes sociais que formam, estes sim, a preocupação central de qualquer estratégia de comunicação.
  4. A culpa do Zé Dirceu: uma cortina de fumaça onde tudo que acontece de crise política no Brasil ou no mundo a culpa é sempre do Zé Dirceu, procuram e estimulam a existência do “fogo amigo” com a intenção de gerar instabilidade no PT (o que não é muito dificil) e no governo, pauta predileta de muitos articulistas.

O essencial é nos debruçarmos e analisar a quem interessa essa crise. Segue o excelente texto do Tijolaço Uma colônia se faz com mentes colonizadas. Fica a pista também se a Folha de São Paulo mentiu ou cometeu um crime juntamente com servidores e dirigentes do governo da capital paulista. Tudo sempre alimentado pela Folha, Estadão, Veja, Globo e seus associados do instituto Millenium

A militância política nas redes sociais, seja de situação, seja de oposição a determinado tema, tem um papel importante neste tipo de processo. A forma como cada uma delas se comporta em um episódio como este, envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, depende do tipo de papel desempenhado pelo PT, legenda que encabeça a coalizão governista e ao qual são filiados tanto Palocci quanto Dilma. Aí, nota-se que está longe de acontecer, por descaso ou incompreensão, qualquer estratégia do partido voltada à interação e compartilhamento com as redes sociais.

Acredito também que uma relação transparente com a blogosfera só traria contribuições positivas ao PT. Uma sugestão, aliás, foi postada no Twitter por Eduardo Guimarães do Blog da Cidadania (@eduguim, blogueiro sujo, é claro): “Que tal o ministro Palocci falar aos blogueiros? Garanto que a entrevista poderia ser dura, mas seria honesta”.

E para não dizer que todo o governo é surdo, vale prestar atenção ao esforço do Ministério das Comunicações junto às redes. E, mais recentemente ainda, no sábado (21), o ministro da Saúde Alexandre Padilhaconcedeu uma entrevista coletiva a alguns blogueiroscom a pauta saúde pública.

Só para lembrar à direção do PT, o governo e demais lideranças: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a oposição têm estratégia para as redes sociais. Quem tem dúvidas a respeito pode ler o artigo do Luiz Carlos Azenha – “FHC, o Facebook e a “coalizão de vontades“.

Antecipar-se aos fatos e produzir respostas rápidas, com transparência e participação, é essencial. Profissionais de comunicação que entendem de fato a internet e as redes sociais sabem que a mentira na rede tem perna curta, muito curta. Como disse uma vez o amigo Antonio Arles (@aarles) , “na rede se faz, na rede se paga”.

Sem transparência e com lentidão nas respostas, as redes sociais tornam-se terreno pantanoso para a propagação de uma opinião. Por mais que as explicações sejam dadas pelo ministro à Procuradoria Geral da República (PGR), para o senso comum, o dano provocado à imagem de Palocci é irreversível no curto prazo.

Agora, quem ainda acha que este é só um problema do Palocci está completamente enganado. Neste momento, na rede, a relação deste fato com o governo, o PT, e a imagem da presidenta Dilma é direta. Ela e Palocci aparecem mais do que colados, pelo que se lê na Análise de Sentimento apresentada acima. O que está tudo junto e misturado fica, a cada dia que passa, mais consolidado.

#FicaaDica

Para os governos municipais, estaduais, federal, parlamentares, programas governamentais e todo o poder público, a melhor estratégia de comunicação numa sociedade em rede é a transparência e a participação.

E segue o baile… como se dizia no meu tempo de Santa Maria (RS).

@Juanpessoa foi da Coordenação Política de Redes Sociais da campanha Dilma Presidente, membro da Rede Social MobilizaçãoBR e é diretor executivo da MPI Comunicação Digital no Rio de Janeiro. Escreveu este post especialmente para o Na Rede, da Rede Brasil Atual

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