A imprensa comemora. O PT faz festa. José Serra prepara terno novo para posse de prefeito

Palocci não caiu por nenhum ilícito. Ele caiu por uma mera vitória do PIG – o Partido da Impresa Golpista –, e da oposição (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil – […]

Palocci não caiu por nenhum ilícito. Ele caiu por uma mera vitória do PIG – o Partido da Impresa Golpista –, e da oposição (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil – arquivo)

Antes de mais nada, a nova ministra Gleisi Hoffmann (PT/PR) tem tudo para ser uma excelente ministra da Casa Civil. Ela foi uma grata revelação no Senado e o ministério pode até ter começado a ficar com uma conformação melhor. A questão que fica, para se tirar lições, são as consequências, diante das circunstâncias que levaram à queda de Palocci.

O governo Dilma não foi quem mais perdeu. O governo continuaria sob ataque com Antonio Palocci ou sem ele, e terá que administrar esses ataques de uma forma ou de outra. O governo tem uma base partidária suficientemente ampla para fazer os arranjos necessários para compor maiorias. O problema é que nesses arranjos é bem provável que, para acomodar uma maioria dentro da zona de conforto, quem terá que ceder espaço é o PT. O tempo se encarregará de dizer.

Palocci não caiu por nenhum ilícito. Ele caiu por uma mera vitória do PIG – o Partido da Impresa Golpista –, e da oposição, a partir de um dossiê cuja origem – há indícios que apontam – tem todas as características de vir da turma do José Serra, mais especificamente da Secretaria de Fazenda de Gilberto Kassab, ocupada pelo serrista Mauro Ricardo.

Bastaram acusações a partir de insinuações, acompanhadas de discursos e editoriais indignados, e de bombardeio diário no noticiário, que até militantes petistas e blogueiros antes “sujos”, aderiram. Alguns por serem inocentes úteis. Outros por verem a oportunidade de derrubar o ministro que julgam ser “neoliberal” (se esquecendo que ele não está na Fazenda, nem no Banco Central), fizeram coro à Folha, Globo e Veja, mesmo não acreditando no que copiavam e colavam.

Fazendo uma analogia dramatizada; para os blogueiros verdadeiramente sujos (e talvez para o PT) a queda de Palocci é uma perda mais ou menos como quando Adolf Hitler conquistou a Polônia na Segunda Guerra Mundial. Pouco tempo depois haveria a sangrenta batalha de Stalingrado.

E aí vem as consequências:

1) Os blogs que se deixaram seduzir pelo discurso do “não é ilegal, mas não é ético”, sem que houvesse de fato qualquer ilícito, da mesma forma que não concederam o benefício da dúvida, perderam esse benefício perante os “indignados” na hora que forem acusados de contratos com órgãos governamentais (como a TV Brasil). Sempre estarão no mesmo barco de Palocci, perante os “indignados”.

2) O PT praticamente perdeu por antecipação a eleição de 2012 na capital paulista. José Serra já deve estar encomendando o terno da posse. Não interessa o quanto um candidato petista ou do PCdoB seja bom. Há e haverá dossiês para cada um deles, para ser solto no PIG no momento conveniente e ser reverberado nas redes sociais. Só uma militância de esquerda com disposição dos soldados russos que resistiram em Stalingrado (e com comandantes políticos à altura que os mobilizem e motivem), pode salvar esta eleição paulista, depois de entregarem Palocci com relativa facilidade. Ou recorrer a um plano B: aceitar compor com o PMDB, sendo vice, e formar uma aliança de centro-direita capaz de rivalizar com os tucanos na disputa de espaços do poder econômico e midiático paulista.

3) O papel que Palocci fazia no governo Dilma não era torná-lo de direita, era conter o apetite da direita. Alguém terá que fazer esse papel, e pelo visto será alguém do PMDB ou de um partido de centro-direita. Só que em vez de conter, será um quadro da direita dentro do governo. Quem pensava em “guinada à esquerda” no governo, atrapalhou e criou obstáculos para a presidenta.

4) O PIG e a oposição testaram até onde vai a resistência dos governistas, e tentará de novo, com outro ministro qualquer, com a presidenta, com Lula, com governadores, com deputados e senadores que são nomes fortes para serem prefeitos em 2012 ou governadores em 2014.

5) Depois de conquistarem a “Palócia” (na analogia com a Polônia na Segunda Guerra), o “PIG+oposição” vai querer avançar (se tivessem resistido mais em ceder a “Palócia”, a oposição ficaria atolada lá por mais tempo, tentando); e não se cansarão enquanto não criarem uma nova CPI do fim-do-mundo, para pautar o noticiário político forjando uma aberração por dia no Jornal Nacional.

6) Como o alvo do PIG+oposição é o PT, os petistas precisam aprender com o PMDB como se reage a um ataque destes. Quando os demo-tucanos quiseram dar o golpe no Senado em 2009, o PMDB denunciou Arthur Virgílio (PSDB-AM) no Conselho de Ética pelo caso Agaciel Maia. Os tucanos amarelaram. Se os petistas tivessem feito com Aécio Neves, o mesmo barulho que os demo-tucanos fizeram com Palocci, ou cairíam os dois, ou não caíria ninguém.

7) Depois do retrocesso, que foi a blogosfera chamada progressista reabilitar o PIG como “formador de opinião”, os verdadeiros blogueiros sujos terão que “retomar Stalingrado” em uma “guerra sangrenta”, como foi a do chamado “mensalão” e como foi a campanha de baixaria de 2010.

Será que estou sendo pessimista demais? Eu espero que sim, mas receio que não. É melhor preparar as “armas” e “mantimentos” para a grande “batalha de Stanlingrado”, enfrentando muitas “baixas” (dossiês assassinando reputações) e baixarias.

Fonte: Amigos do Brasil

* Helena Sthephanowitz™ é jornalista e autora do blog Os Amigos do Presidente Lula e do Os Amigos do Brasil. Ela escreve no Na Rede, da Rede Brasil Atual.