A Folha desmente a Folha. E não assume

Ou de como a Folha transformou uma conspiração entre tucanos em mais um panfleto anti-Dilma

A própria Folha de S.Paulo, em sua versão eletrônica, publicou nota do mesmo repórter que assina sua matéria de capa desta quarta (20). O jornal escondeu desde a sua versão impressa que a origem da quebra de sigilo fiscal de tucanos está numa conspiração interna do próprio ninho – quando Aécio Neves e Serra travavam uma batalha em panfleto anti-Dilma. E na suíte vespertina voltou a minimizar o confronto no seio do PSDB – que, aliás, distanciou, e mantém distante, o político mineiro do político paulista. Eis o texto de Leonardo Souza:

“O jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao chamado ‘grupo de inteligência’ da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), confirmou em depoimento à Polícia Federal que encomendou dados de dirigentes tucanos e familiares de José Serra (PSDB), como a Folha revelou na edição de hoje. Essas informações, obtidas ilegalmente em agências da Receita Federal em São Paulo, foram parar em um dossiê que, no começo do ano, circulou no comitê dilmista (aqui, o texto da Folha esquece de informar que o integrante do ‘comitê dilmista’ que se aproximou do tal ‘dossiê’ foi excluído da campanha no ato.)

“O repórter – segue o texto da Folha – disse que iniciou seu trabalho de investigação quando era funcionário do jornal Estado de Minas, para ‘proteger’ o ex-governador tucano Aécio Neves – que à época disputava internamente no PSDB a candidatura à Presidência. Amaury não admitiu que pagou pelos dados nem que pediu a quebra de sigilo fiscal dos tucanos. O despachante Dirceu Rodrigues Garcia, porém, declarou à PF que o jornalista desembolsou R$ 12 mil em dinheiro vivo e que entregou a ele as informações protegidas por lei.

“Amaury não disse à polícia se recebeu ou não orientação de Aécio ou de outros políticos de PSDB de Minas para levar adiante a pesquisa. Afirmou que iniciou a apuração após ter tomado conhecimento de que uma equipe de inteligência liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra, estaria reunindo munição contra Aécio.”

Como se pode notar, a Folha não teve pudor em manipular o trato das informações para transformá-las numa manchete panfletária anti-Dilma.

Em seu site, Luis Nassif resume: a operação de Eduardo Jorge (responsável pelo vazamento das informações ao repórter da Folha) acabou sendo um tiro no pé.

A ombudsman da Folha, Suzana Singer, em resposta a uma posição cobrada pela jornalista Marina Amaral, afirmou que o jornal terá de se explicar

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