Censura: a nossa hora e a nossa vez

Em 2006, efeito caça às bruxas nas redações deu efeito contrário (Arte: Reprodução) Primeiro foi a Maria Rita Kehl, cortada de O Estado de S. Paulo por “delito de opinião”. […]

Em 2006, efeito caça às bruxas nas redações deu efeito contrário (Arte: Reprodução)

Primeiro foi a Maria Rita Kehl, cortada de O Estado de S. Paulo por “delito de opinião”.

Agora, chegou a nossa vez, na Revista do Brasil e na Rede Brasil Atual. A campanha de Serra, através do TSE, cassou liminarmente a circulação do atual número da revista.

E o comando da campanha de Serra ainda pretendia impor o “segredo de justiça”, impedindo que a censura viesse a público. Traduzindo: injustiça cometida em segredo é mais segura, e segura mais.

Isso não é surpreendente. O índice de baixarias vai subir ainda mais, conforme nos aproximamos da última semana, a reta final da campanha eleitoral.

Até agora os ataques difamatórios e calúnias mais recentes, embora repitam antigas, feitas no primeiro turno, não parecem ter surtido os efeitos desejados. As pesquisas continuaram apontando uma situação de estabilidade em termos de preferências de voto. Então o que se espera é que o nível dos ataques baixe ainda mais e o seu tom suba.

Ao mesmo tempo, é necessário calar quem se oponha ao pretenso rolo compressor da campanha em favor do candidato demo-tucano. Daí a necessidade de censurar a imprensa e a liberdade de expressão.

Isso ocorreu em 2006, com o afastamento de várias redações de jornalistas que não se afinavam com a então candidatura de oposição a Lula. O efeito dessa “caça aos bruxos” foi o contrário do esperado por seus mentores. Como gotas de mercúrio quando a gente as espreme, o expurgo gerou uma proliferação de blogues na internet, aumentando a diversidade de informação disponível.

Por outro lado, ataques como esse – contra a Revista do Brasil e o jornal da CUT – mostram que concepção de liberdade de imprensa e expressão os dirigentes da campanha de Serra tem. Tudo bem para eles que revistas e outras mídias do seu campo procurem enxovalhar diariamente a candidata Dilma Rousseff e o próprio presidente Lula. Seguem a famosa máxima “para os amigos tudo, para os inimigos o rigor da lei” que dizem combater.

Mas as máscaras vão sendo arranhadas, até cair. O caso da demissão de Maria Rita repercutiu até no exterior. O mesmo deve acontecer com esse ataque à Revista do Brasil e à CUT. Até o blogue do seu presidente queriam censurar, além de promover “buscas e apreensões” – nisso eles são bons.

Dá para imaginar o clima de “liberdade de expressão” que vai imperar caso as direitas brasileiras, unidas em torno de Serra, consigam vencer as eleições.

P. S. – Eu me preparava para escrever sobre a exposição “Hitler e os alemães – nação e crime”, hora em curso no Deutsche Historiches Museum – quando fui literalmente atropelado pela notícia da censura à Revista do Brasil. Mas não percam por esperar: o comentário virá a seguir. 

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