Paul Singer defende nacionalização dos bancos para evitar novas crises

Intervenção pública no sistema financeiro no mundo é uma das oportunidades abertas pela crise. Economista reconhece que falta de opinião pública no Norte é entrave

O economista Paul Singer participa do seminário A Conjuntura Economica Hoje, no segundo dia do Fórum Social Mundial (Foto: Renato Araújo/ABr)

Direto de Salvador – O economista e secretário nacional de Economia Solidária Paul Singer defendeu, na manhã desta sexta-feira (29), a nacionalização dos bancos como forma de evitar novas crises financeiras. Para ele, está é uma das oportunidades abertas pela instabilidade econômica estabelecida internacionalmente desde setembro de 2008.

“(Barack) Obama, que é muito controverso, está uma ofensiva contra os bancos. Antes dele, (Nicolas) Sarkozy, na França, e Gordon Brown, na Inglaterra, já abriram bateria contra bancos, mas sem proposta concreta”, analisa. “Minha proposta é nacionalizar os bancos”, opina.

O fato de instituições financeiras terem sido salvas de falência por recursos públicos e de algumas chegarem a ter seu controle transferido ao Estado – como o Bank of America – permitem pensar a respeito da hipótese.

A argumentação passa pelo caso brasileiro, em que o Estado controla metade do sistema financeiro e usou três bancos, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, para minar os efeitos da retração. O resultado foi um ano de 2009 com crescimento zero – “o que não é crise, mas também não é bom” – e reaquecimento a partir do segundo trimestre.

Singer reconhece, porém, entraves. “Não há opinião pública suficientemente formada para isso”, admite. “No hemisfério Norte, o neoliberalismo é sufocante e governos são chantageados a parar medidas anticrise de caráter keynesianos (invervenção do Estado na economia) que também adotaram”, acusa.

Apesar das dificuldades, ele acredita que países desenvolvidos como o Japão e Estados Unidos vivem transformações políticas importantes.

A primeira mesa do seminário Crises e Oportunidades, no Fórum Social Mundial Temático Bahia, discutiu como estratégias e alianças de países do Sul, periféricos, poderiam representar alternativas. As discussões prosseguem até este domingo (31), no FSMT-BA.

Singer apontou a existência de um Mercado Comum do Cone Sul da Economia Solidária (Mercosul Solidário), criado em 2006 como forma de se construir alternativas sem passar pelos países mais ricos do planeta. A integração de empreendimentos autogestionários seria, para ele, uma forma de construir alternativas efetivas à crise. Ele qualifica esse tipo de iniciativa de “novo socialismo” sem tomar poder direto e que aproveita a crise, o desemprego e a exclusão social.