Boaventura e as transições necessárias para mudar o mundo

Para sociólogo português, substituir o slogan 'um outro mundo é possível' por 'um outro mundo é necessário e é urgente' vai obrigar o Fórum a se reconstruir se quiser avançar

Direto de Porto Alegre – Boaventura de Sousa Santos fez uma poderosa síntese dos processos pelos quais passa o mundo. O sociólogo português mostrou porque é um dos maiores pensadores da esquerda não apenas nas edições do Fórum Social Mundial em Porto Alegre como em eventos globais em que se discutem direitos humanos, Justiça e novos rumos para a humanidade. Atuante em diversas agendas acadêmicas da Universidade de Coimbra, Boaventura é generoso com os pedidos de entrevistas e audiências.

Sua intervenção na tarde do dia 28, em Porto Alegre, discute a partir de uma análise histórica recente como chegamos a essa fase de “pós-capitalismo” e de como o mundo caminha, necessariamente, para uma mudança de paradigmas de organização das sociedades e das economias. No debate “Como construir uma nova hegemonia”, a plateia presente à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul levantou para aplaudi-lo.

Boaventura chegou a abrir um “parênteses” em sua exposição. Por alguns minutos, levantou-se para ir até  à sede do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul onde protestou pelas ações do órgão contra o MST. “Temos aqui no Rio Grande do Sul microestados de exceção, situações que não são democráticas. Aqui, onde estamos a pensar o futuro, onde pensamos a transição ao socialismo…”, afirmou.

Em sua fala, Boaventura de Sousa Santos observou que o neoliberalismo não está derrotado. “A nossa hegemonia é uma contra-hegemonia. Um novo consenso, mais difícil de estabelecer do que os consensos de que falava Gramsci, porque obviamente, para ele, o consenso era estabelecido dentro do movimento operário e nada mais. Hoje, o movimento operário, tão precioso e tão presente neste Fórum, sabe que partilha essa agenda com outras organizações, com outros movimentos”, disse.

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