Animais estão abandonados no zoológico de Limeira

Portões trancados e lagoa suja são o cartão de visita do zoológico (Fotos: Lauany Rosa e reprodução)   Um lugar inóspito e de portões fechados. Eis a cena com que […]

Portões trancados e lagoa suja são o cartão de visita do zoológico (Fotos: Lauany Rosa e reprodução)

 

Um lugar inóspito e de portões fechados. Eis a cena com que se deparam moradores e turistas que visitam o Zoo-lógico Municipal de Limeira. Fechado desde 2010 – ano em que um novo zoo, no Horto Florestal, deveria estar pronto –, árvores e plantas crescem sem poda. Folhas secas e uma crosta esverdeada cobrem o que foi um lago habitado por patos, gansos e garças. O lugar, que já foi um bonito ponto turístico da cidade, está abandonado e cheio de bichos que até hoje aguardam a ida para o novo zoológico.

A aposentada Marta Domingues, de 70 anos, diz com tristeza: “Era um lugar bom de vir esticar as pernas; agora não tenho mais onde passear”. A açougueira Solange Martins, de 40 anos, questiona a demora na entrega do novo zoo e afirma não gostar da mudança de local, “Nem todo mundo tem transporte para ir até o horto. Eles falam que haverá ônibus, mas ele só passa uma vez por dia e lá é muito longe.” A estudante, Yolanda Nogueira, de 15 anos, lembra que participou de excursões para o zoológico, mas agora considera o espaço “um grande desperdício, pois poderia ser transformado num parque”.

Inaugurado em 1968, o Zoológico Municipal tem o estilo dos antigos zoos. São 22.155 m²
cercados de muros baixos, que permitem a quem passa na Rua da Boa Morte ver o descaso do local. À tarde, o esturro de uma onça pintada quebra o silêncio do quarteirão. A fera está numa pequena jaula, de chão de concreto e grades de metal, sob sol quente e sem espaço. Seu rugido, alto e melancólico, faz com que a moradora Carmem dos Santos, de 53 anos, o defina como “um triste grito de socorro”. Acostumado ao barulho, o varredor de rua Otair Zentia, de 60 anos, afirma: “O zoológico não está nada bem. Dá tristeza ver o lugar largado. Até os bichos estão sentindo”.

Roubos
Em 2012, foram roubados seis jabutis, um botijão de gás e 150 quilos de carne, comprados para alimentar os animais. A Prefeitura abriu sindicância, mas o caso ficou sem solução. Para afugentar os ladrões, construiu-se um posto da Guarda Municipal ao lado do zoológico. Mas quem faz uma ronda por lá, à noite, é um guarda da Base I, que fica no Centro.

Numa madrugada de março de 2012, um grupo de ativistas invadiu o zoológico e filmou as condições em que os animais viviam. Eles flagraram cadeados abertos, jaulas destrancadas, pichações, rachaduras e sujeira dentro e fora dos ambientes destinados aos bichos. A diretora de comunicação da Associação Limeirense de Proteção aos Animais (ALPA), Milena Pacheco, explica que o espaço dado aos animais é menor do que o determinado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama): “O ambiente é ruim, muitos ficam doentes porque o local é fechado demais”. O correto seria um recinto maior, com uma ambientação parecida com o habitat natural. Limeira não tem condições de manter um zoológico” – diz ela, que quando morava perto do zoo “via os saguis na rua, pois eles ficavam soltos e pulavam o muro”.

A ALPA e outras associações de defesa dos animais pediram, este mês, o fechamento definitivo do zoológico e o encaminhamento dos animais para um santuário, em Cotia, mas o projeto não foi aprovado pela Câmara. Ficou decidido, então, que Limeira terá um Conselho de Bem-Estar Animal, que contará com uma delegacia contra os maus-tratos, com programas de castração e fiscalização das condições dos animais do zoológico.

 

Novo zoo deve abrir no fim do ano com 250 animais

(Foto: Lauany Rosa)

Com área de 44.246 m², o novo zoológico começou a ser construído em 2008, perto do Horto Florestal, com previsão de entrega para junho de 2010. Mas com os atrasos nas obras e os problemas no projeto – não havia setores de nutrição, quarentena e ambulatório veterinário –, a entrega foi adiada. No ano passado, o Ibama fez uma vistoria e determinou que o local passasse por adequações para ser inaugurado – aumento do recinto do tigre, impermeabilização de lagos e jaulas, mudança da toca do lobo para debaixo do solo, troca da madeira das grades de proteção por metal e de telhas de amianto pelas de cerâmica ou termoacústicas. A previsão de inauguração então ficou para março de 2013 e, agora, para dezembro, depois que o Ibama realizar outra vistoria no zoo para permitir a transferência dos animais, que deverão passar por uma fase de adaptação de 40 dias. Não se permitiu a entrada do jornal Brasil Atual no novo zoológico. Procurado, o secretário de Meio Ambiente, Alquermes Valvassori, recusou-se a dar entrevista. Em nota, a Secretaria de Comunicação informa que “as questões referentes ao zoológico vêm sendo agilizadas para que o problema seja resolvido”. E conclui: “O secretário aguarda definições para se manifestar sobre o assunto”.