Em sua 1ª cúpula, Bric busca firmar posição no mundo

Encontro será na Rússia; Para Lula, as nações emergentes estão dando uma imensa contribuição para salvar a economia

Moscou – Os líderes dos principais países emergentes –Brasil, Rússia, Índia e China, os chamados Bric– se reunirão na semana que vem em sua primeira cúpula formal, buscando ter uma posição de mais destaque no cenário mundial.

Líderes das nações do Bric vão discutir formas de remodelar o sistema financeiro mundial, depois da pior crise econômica em décadas. Na agenda também poderão entrar ideias sobre uma nova moeda de troca para diminuir a dependência do dólar norte-americano.

“A boa notícia é que os países ricos estão em crise e as nações emergentes estão dando uma imensa contribuição para salvar a economia e, consequentemente, salvar os países ricos”, disse à Reuters na quarta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Países ricos não são mais os únicos que respondem pelo consumo e capacidade de produção mundial”, acrescentou, dizendo que os Brics deveriam trabalhar em conjunto para “mudar a geografia do comércio e da política do mundo”.

O termo Bric foi cunhado pelo economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs, em 2001 para descrever o crescente poder das economias de mercado emergentes. A cúpula de 16 de junho na cidade de Yekaterinburgo, na região russa dos Montes Urais, representa um passo em direção à cooperação dos Brics como grupo.

Os Brics detêm 15% dos 60,7 trilhões de dólares da economia global, mas a Goldman Sachs prevê que no prazo de 20 anos as quatro nações poderão juntas suplantar as do G7 e a economia da China irá superar a dos Estados Unidos em tamanho.

“O Bric é um mito, mas um mito que está lentamente se tornando realidade”, diz Alexei Pushkov, professor de relações internacionais e jornalista de destaque na Rússia.
Mas por trás da demonstração de união, há muitas divergências.

O presidente chinês, Hu Jintao, leva à mesa em Yekaterinburg um PIB três vezes maior do que o dos outros três países juntos e o governo chinês age com cautela para não ser visto numa posição de confronto com os EUA.

São a Rússia e o Brasil – considerados os membros mais fracos do Bric – que mais vêm se posicionando sobre levar adiante discussões sobre a redução da dependência do dólar.
A China, o maior detentor mundial de títulos do Tesouro dos EUA, diz que o dólar vai manter seu papel dominante e analistas afirmam ser improvável que a cúpula firme um acordo substancial sobre grandes questões.

“Este encontro mostra a crescente participação e influência do mundo emergente, e o governo Obama vem prestando atenção nisso”, diz Qin Yaqing, vice-presidente da Universidade de Assuntos Internacionais, em Pequim.

“Mas há também grandes diferenças entre eles. Por isso, cooperação completa entre eles seria extremamente difícil, mas cooperação parcial é possível e uma reunião como esta vai ajudar a amplificar sua voz comum”, diz Qin.

Fonte: Reuters

(Reportagem adicional de Chris Buckley em Pequim e Raymond Colitt em Brasília)

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