Copa já tem data, mas dirigentes enfrentam protestos

Campeonato de 2014 será disputado de 12 de junho a 13 de julho

São Paulo – Em um dia de protestos pelo Twitter contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) anunciaram nesta quarta-feira (27), no Rio de Janeiro, que a Copa de 2014 começará em 12 de junho e terminará em 13 de julho. A Copa das Confederações, em 2013, será disputada de 15 a 30 de junho. Ainda não há anúncio oficial sobre as cidades que receberão o torneio de 2013, muito menos sobre o Mundial de 2014. Existe atraso praticamente generalizado na maioria das obras.

No próximo sábado (30), também no Rio, haverá o sorteio dos grupos para as eliminatórias da Copa. O Brasil não disputará a fase de classificação por ser o país anfitrião. A festa é organizada pela Geo Evento, empresa de marketing esportivo da Rede Globo, que tem os direitos de transmissão da Copa. Devido ao evento, o aeroporto de Santos Dumont, um dos mais movimentados do país, deverá permanecer fechado durante quatro horas.

Também no sábado, os chamados comitês populares da Copa, que estão sendo organizados em várias cidades, farão manifestações sobre a preparação do Brasil tanto para a Copa como para as Olimpíadas de 2016. Em São Paulo, está programado um ato a partir das 10h, com concentração diante da estação Itaquera do metrô, na zona leste da capital. Na capital fluminense, a mobilização começa no Largo do Machado, na região central.

“Em várias cidades do mundo que já sediaram uma Copa, a pressão das corporações, a falta de transparência e imposições da Fifa produziram balanços negativos do ponto de vista social e de direitos humanos. No Brasil ainda é tempo de fazer diferente e é isso que as organizações estão cobrando”, diz a urbanista Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Como relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada, ela já apresentou relatório sobre o tema.

Os “gritos virtuais” contra Teixeira e as denúncias de corrupção no futebol mundial ecoaram também na Associação Europeia de Clubes (ECA, na sigla em inglês). O presidente da entidade, o ex-jogador Karl-Heinz Rummenigge, convocou uma “revolução” contra as “pessoas corruptas” que comandam o futebol. “Eu não aceito mais que sejamos conduzidos por pessoas que não são sérias e limpas”, afirmou, de acordo com a edição virtual do jornal britânico The Guardian.

Em carta aberta, o Comitê Popular de São Paulo questionou os efeitos positivos da competição: “Vários escândalos tornaram pública suspeitas de corrupção sobre a forma como a Fifa age. É nesse contexto que o Brasil vai sediar a Copa de 2014. Com superpoderes, a entidade impôs uma série de requisitos para ser cumprida. Essas exigências fazem parte da rentabilidade que a federação e suas empresas parceiras terão com a realização do evento. Na prática, não há contrapartida exigida em relação ao legado social. A experiência do último Mundial, na África do Sul, entre outros episódios, apontam para direção oposta”.