seminário

Sequência de encontros debaterá influências de maio de 1968

O Sesc promove a partir desta segunda-feira, em São Paulo, uma série de debates sobre aspectos culturais que tiveram influência da contracultura dos anos 1960

creative commons

Barricada de protesto estudantil em 1968 em Bordeaux, cidade francesa

São Paulo – Maio de 1968 foi palco do movimento estudantil e trabalhista na França que ecoou de diferentes formas em todo o mundo. Esses impactos serão tema de uma série de palestras intitulado “Seminário 1968: meio século depois”, com realização do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. De segunda a quarta-feira (7 a 9), acadêmicos e artistas debaterão os significados do evento que abalou o regime do então presidente, Charles De Gaulle. “Como o maio de 1968 é analisado pelo filtro de 2018?”, questiona o Sesc.

“Acadêmicos que estudaram e artistas que viveram intensamente o período trarão suas múltiplas visões sobre um fenômeno que não nasce em 1968 e definitivamente não morrem naquele ano”, continua a nota da organização. Entre os convidados, o ator e diretor José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso do Teatro Oficina, a atriz e diretora Helena Ignez, o escritor e jornalista Zuenir Ventura, os professores Walnice Galvão, Leonardo Esteves, Adriane Vidal, Renato Sobral Anelli, Olgaria Mattos e Evelina Hoisel, a arquiteta Fernanda Barbara, entre outros.

Em paralelo, uma mostra de filmes que trazem para as telas a cena da contracultura dos anos 1960. Serão exibidas obras nacionais, da corrente do Cinema Novo, como o homônimo do movimento, documentário Cinema Novo (Erik Rocha, 2016), que traz um panorama sobre os maiores nomes do audiovisual na época como o pai do diretor, Glauber Rocha, além de Cacá Diegues e Nelson Pereira. Também será exibido o longa Tropicália (Marcelo Machado, 2012), que apresenta uma análise do movimento musical homônimo que conta com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Torquato Neto.

Completam a mostra o filme o filme Violeta foi para o céu (Andrés Wood, 2012), um longa que apresenta a obra e a vida da pintora, poeta, escultora e musicista chilena Violeta Parra, por meio do romance homônimo escrito por seu filho Ángel Parra. Por fim, o filme Viver é fácil com os olhos dechados (David Trueba, 2013). A produção espanhola traz no nome uma frase da música Strawberry Fields Forever, assinada pela dupla John Lennon e Paul McCartney. Um filme de estrada que trata da contracultura e o momento político por meio da icônica banda britânica The Beatles.

As mesas

No primeiro dia de evento, a mesa de abertura será comandada por professores de história e literatura que abordarão a produção literária de 1968 “tendo como foco a literatura pop, a partir da produção literária de José Agripino de Paula; as relações entre cultura, mercado e consumo e o estatuto da literatura no Brasil da época; o ano de 1968 enquanto divisor de águas na literatura brasileira; as repercussões dos acontecimentos de 1968 na literatura latino-americana, com enfoque particular em textos produzidos pelos escritores Carlos Fuentes e Lulio Cortázar”.

Na sequência, mais duas mesas encerram o dia. A primeira trata da arquitetura de 1968. “São objeto da mesa o impacto das grandes obras rodoviaristas feitas em São Paulo a partir do final dos anos 60, tendo como exemplos mais marcantes o Minhocão e as transformações do Parque Dom Pedro II; os impactos da ditadura”, entre outros movimentos. Já a segunda aborda artes visuais.

No segundo dia, a primeira mesa traz como tema o cinema de 1968, com o auge do movimento do Cinema Novo com nomes como Hélio Oiticica, Rogério Sganzerla e Glauber Rocha. Na sequência, entra em cena um debate sobre o teatro e, para encerrar o dia, a música. “A mesa trará um balanço das lutas culturais e da arte engajada ao longo do ano de 1968, em conexão com os acontecimentos políticos que abalaram o Brasil e o mundo.”

O último dia traz um debate sobre a revolução de 1968. “A mesa abordará a revolução de 68 enquanto momento la boétiano da política francesa; o aspecto erótico, poético e lúdico de 1968, mais próximo do satanismo baudelairiano que do comunismo de Marx e da tradição dos intelectuais franceses que se colocavam a serviço dos operários e do “povo”, através do Partido Comunista”. Por fim, será debatido o legado desse movimento.

A programação com detalhes e as inscrições, está no site do Centro de Pesquisa e Formação Sesc.

Leia também

Últimas notícias