Cinema

Ficção de alunos do Glicério aborda conflitos do universo adolescente

Gravidez precoce, bullying, preconceito racial e social, homofobia, assédio e pensamentos suicidas são temas do curta-metragem 'Bugados no Glicério', que estreia nesta segunda-feira (7) no Cine Olido

Divulgação

Filme pretende ser um instrumento mediador de debates com foco no protagonismo dos estudantes

Protagonismo jovem. Alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias desenvolvem argumento e roteiro, produzem, encenam e lançam um curta-metragem sobre os diversos conflitos do universo adolescente. A ficção Bugados no Glicério estreia nesta segunda-feira (7), às 19h, no Cine Olido, no Centro de São Paulo.

Na história, adolescentes vivem os dramas comuns de jovens de todas as classes sociais em um ambiente típico da região central da capital paulista. Muros grafitados, espigões que não param de subir, casas antigas coloridas e os becos do Glicério servem como pano de fundo de um cotidiano recheado de conflitos: racismo, assédio, homofobia e preconceitos de todos tipos. Em meio a essas problemáticas, eles preparam a festa do ano, um evento que levarão para o resto de suas vidas.

Com 17 minutos de duração, o filme tem a direção geral de dois adultos, Marco Ribeiro e Rose Almeida, mas foi inteiramente desenvolvido pelos estudantes por meio de oficinas semanais durante todo o ano de 2017. A intenção era fazer com que eles próprios definissem o argumento, o roteiro e participassem de todas as etapas de produção e realização do curta, inclusive como atores. Para isso, os jovens contaram com o apoio e participação do Grito do Glicério, projeto escolar concebido há dez anos com o intuito de criar ações que busquem interfaces de atuação com a comunidade.

O roteiro não foi algo externo apresentado aos alunos, mas nasceu a partir das conversas e definições feitas a cada encontro. Ou seja, as discussões geraram o roteiro e não o contrário. Após a captação das cenas, o grupo ainda continuou se encontrando com o intuito de aprofundar as reflexões sobre os temas. Isso porque entre os objetivos do curta está a realização de debates e conversas em diferentes espaços, principalmente escolas, a serem realizadas pelos alunos e alunas protagonistas”, afirma Marco Ribeiro.

Segundo ele, o filme visa ser um instrumento mediador de debates com foco no protagonismo dos estudantes. “O objetivo das oficinas na escola foi a democratização dos meios de produção de arte para que possamos ter cidadãos não só consumidores de arte mas também produtores. E em relação ao curta, objetivamos mediar importantes debates e conversas entre adolescentes, estudantes e comunidades.”

Os temas abordados no curta-metragem foram escolhidos a partir das percepções e vivências dos jovens. “É importante salientar que se trata de um curta de ficção, assim nenhum dos participantes vivenciou diretamente a história do filme em si. O grupo construiu os temas a partir de suas percepções e vivências. Ficamos por pelo menos seis meses discutindo semanalmente cada tema abordado. A construção de cada personagem passou por conversas do grupo inteiro. Assim, os alunos e alunas desenvolviam cada um seu personagem e conflitos e também contribuíam com os personagens dos outros”, declara.

“Houve um momento específico de dinâmica de grupo em que perguntamos a cada um se já tinham sofrido algum tipo de bullying ou preconceito e absolutamente todos os presentes relataram já ter sido alvo: por ser gordo, ser baixo, ser negro, se mutilar, por usar óculos, por orientação sexual”, afirma Ribeiro.

Bugados no Glicério
Direção: Marco Ribeiro e Rose Almeida
Direção de arte: Paulo Aliende
Pós-produção: Sergio Gagliardi-Gag e Wellington Darwin Well Darwin – DGT
Pós-produção áudio: Fábio Rouge
Roteiro: Luis Silva
Produção: Nana DellaGatta

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