sem fronteiras

Oitenta voltas pelo universo musical nas mãos de Badi Assad

Com quase 30 anos de carreira, violonista e cantora lança seu primeiro livro, com visão sobre artistas de todos os continentes

Gabriel Guerra Bianchini

Segundo a cantora e violonista, textos trazem um “olhar subjetivo e apaixonado” sobre múltiplas influências

São Paulo – “O mundo é uma bola flutuante onde circulo com o passe livre”, diz a violonista e cantora Badi Assad, como é conhecida Mariângela Assad Simão, paulista do interior (São João da Boa Vista), mas com passaporte universal, tantas são as andanças, parcerias e influências artísticas. Uma parte desse universo é retratada em seu primeiro livro, Volta ao Mundo em 80 Artistas (Pólen Livros, 232 páginas), que tem pré-lançamento nesta quinta-feira (12), com apresentação na casa Jazz no Fundos, em São Paulo. “É um olhar subjetivo e apaixonado por essas influências e, através delas, compartilho partes de minha própria história.”

A obra traz textos sobre músicos de todos os continentes. Dos 80 nomes, 31 são brasileiros, entre artistas e grupos. Gente como Ceumar, Chico Buarque, Egberto Gismonti, Elza Soares, Filipe Catto, Hermeto Pascoal, Marlui Miranda, Liniker, Ney Matogrosso, Paulinho Moska, Yamandu Costa, Zeca Baleiro, entre outros. Alguns foram escritos, a pedido, para a revista Top Magazine. E a ideia da “volta ao mundo”, conta Badi, aconteceu durante um sonho, “quando o próprio Júlio Verne apareceu no meu camarim”.  

Com uma carreira internacional consolidada, Badi lançou seu primeiro disco, Dança dos Tons (posteriormente, Dança das Ondas), em 1989. Vem de uma família musical. Os irmãos Sérgio e Odair formam o Duo Assad. 

O livro traz histórias e impressões de artistas de dezenas de países, de todos os tons – Tunísia, Uganda, Senegal, Cuba, Uruguai, Israel, Irã, Rússia, Japão, Paquistão, Mongólia, Irlanda. Ao narrar seu encontro com a fadista portuguesa Mariza, por exemplo, Badi conta que “pude sentir o mar sem ardência, assim como fui conduzida ao topo do mundo sem, contudo, me faltar o ar”. Do fenômeno vocal norte-americano Bobby McFerrin, ela descreve: “Ele entra, senta sozinho, e uma orquestra inteira sai de dentro dele”.

O prefácio foi escrito por Chico César, que define Badi como “intérprete inventiva, cheia de telecotecos e silvos no corpo-espaço percutido, atravessado de sons, intuições e sentidos”. Pelos textos, prossegue, ela expõe a humanidade dos artistas, traz a “alma do mundo feito som”. “A vida mesmo é feminina, a música é mulher”, escreve Chico. 

O livro será lançado comercialmente ainda neste mês. A partir de maio, a artista inicia turnê com repertório baseado na obra. Ela divulgou uma playlistem seu canal no YouTube.