resistência

Destaque do carnaval de SP, Ilú Obá De Min fará reverência às mulheres quilombolas

Bloco desfila em dois dias pelo centro da capital. 'Esperamos ser dignas de invocar e entoar nossos tambores para todas as mulheres negras quilombolas', diz a presidenta do grupo

Rogerio Cavalheiro/Futura Press/Folhapress

‘Não tem quilombo que eu conheça que o sangue não foi derramado’, diz a canção que será cantada no bloco

São Paulo – Já tradicional na cena cultural e no carnaval paulistanos, o bloco Ilú Obá De Min, formado exclusivamente por mulheres, desfilará este ano levando às ruas “a luta e o exemplo de sobrevivência” das mulheres quilombolas. Elas sairão na próxima sexta-feira (9) e no domingo (11), percorrendo o centro da capital.

“Pensando nas questões das mulheres quilombolas e como vivem nos anonimatos profundos, resolvemos juntar a diretoria que compõem o bloco, tocar e se aprofundar nas histórias dessas mulheres. Contando as histórias delas estaremos contando as histórias de cada mulher negra que está no Ilú Obá, assim se fortalecendo com as referências das nossas velhas pretas”, afirma a presidenta do grupo, Beth Beli.

A ativista conta que o desfile do grupo reproduzirá nas ruas o cotidiano da mulher, em especial o da mulher negra – “uma guerra, com grandes conquistas”. “Não tem quilombo que eu conheça que o sangue não foi derramado”, diz uma das composições que serão cantadas neste carnaval, de autoria de Girlei Luiza Miranda.

O Ilú Obá está na programação oficial da abertura do carnaval de rua da região central de São Paulo, na sexta, com concentração na Praça da República, às 19h. Já o desfile de domingo parte da Rua Barão de Piracicaba, nos Campos Elíseos, a partir das 14h.

Segundo Beth, após os ensaios pré-carnaval serem cheios e emocionantes, a expectativa e a energia são positivas. “Todas nós reunidas esperamos ser dignas de invocar e entoar nossos tambores para todas as mulheres negras quilombolas, que são silenciadas a cada minuto. Nós, mulheres unidas, cantaremos e tocaremos pra todos e todas que insistem em dormir e insistem em não nos ouvir”, afirma.

Durante o desfile, o grupo encena ainda um “carnaval teatralizado” pelo olhar negro. “Saudaremos as mais velhas e cantaremos sobre as lutas e a conquistas de todas elas. A grandeza da mulheres quilombolas – negras e não negras – jamais morrerá no que depender da força feminina do Ilú Obá de Min.”

 

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