onda moralista

Crivella censura, sabota e debocha de exposições de arte no RJ

Especialista afirma que museu deve ter autonomia sobre exposições escolhidas. Artistas também denunciam sabotagem em mostra que não se submeteu à ordem de retirar obras

Exposição sobre diversidade sexual, no Rio de Janeiro, só “no fundo do mar”, segundo o prefeito Crivella

São Paulo – “Um prefeito proibiu e censurou uma exposição. É isso, e nada mais do que isso, que aconteceu no Rio de Janeiro”, diz o professor do Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Rodrigo Gueron. 

A exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, que foi cancelada, em Porto Alegre, mesmo após recomendação do Ministério Público Federal (MPF-RS) pela sua reabertura, devido a ataques moralistas de grupos conservadores, seguiria para o Rio de Janeiro.

A mostra sobre diversidade sexual nas artes plásticas seria montada no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), mas o prefeito Marcelo Crivella (PRB) não apenas censurou, como debochou da iniciativa. “Saiu no jornal que ia ser no MAR. Só se for no fundo do mar”, disse o prefeito.

Para o professor Gueron, o museu deveria ter autonomia para decidir sobre suas exposições, e as consequências do ato de censura transcendem a esfera artística e ameaçam as liberdades de todos. 

“A gente se encontra diante das ameaças às nossas conquistas democráticas mais elementares. Não é só para a comunidade artística, é para quem que faz política, para quem pensa, para quem escreve e performa, que está no teatro da vida política”, disse Gueron à repórter Viviane Nascimento, para o Seu Jornal, da TVT.

Outro caso de censura apontado por artistas cariocas ocorreu no Castelinho do Flamengo, também administrado pela prefeitura, que receberia a mostra Curto-circuito, que também aborda a diversidade sexual, o preconceito e a violência.

Os organizadores relatam que houve pedido para que obras fossem retiradas, ou que fossem exibidas em horários restritos. Diante da recusa dos artistas, uma suposta “pane elétrica” teria afetado as instalações. “A gente correu para cá, todos os artistas, para ver o que tinha acontecido, e aí a gente encontrou as luzes funcionando, as tomadas funcionando, e oito obras retiradas da parede e desaparecidas”, denuncia a artista visual Ineia Cortês.

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