Morte prematura de Kid Vinil leva muito da música e da cultura pop
Agora, sem ele para nos brindar com sua generosidade e seu entusiasmo pela música, resta agradecer pelo legado e preservar sua memória.
Publicado 20/05/2017 - 12h43
O advento da internet e da música digital tornou ainda mais imprescindível o trabalho de garimpagem por entusiastas como Kid
São Paulo – A morte prematura de Kid Vinil leva consigo muito da música e da cultura pop das últimas gerações. Leva também a alegria, o entusiasmo e a generosidade com que Antonio Carlos Senefonte compartilhava seu conhecimento sobre o que mais amava: a música.
Desde que se conheceu por gente, a vida de Kid Vinil girou em torno da música. Trabalhou em fábrica de discos, descobriu-se radialista, introduziu o punk e o new wave no Brasil, virou cantor, transformou-se em executivo de gravadora, discotecou em festas por todos os cantos. E nas horas vagas continuava ouvindo música. Ouvindo e pesquisando. Sempre em busca de coisas novas. Sempre servindo de bússola.
Kid Vinil ganhou fama nacional com o megahit oitentista “Sou Boy”, mas foi nas ondas do rádio que ele pôde desfilar todo o conhecimento acumulado sobre música desde que começou a se interessar pelo assunto, com os discos da Tia Regina. Passeou pelo dial paulistano de ponta a ponta, da 89, lá no comecinho, até a Brasil 2000, bem lá no fim. Foi provavelmente o maior conhecedor e pesquisador de rock no Brasil até hoje.
Nos anos 80 e início dos 90, tempos em que a internet comercial ainda estava longe de chegar ao Brasil e as informações estavam muito mais longe do que a apenas um clique, qualquer adolescente interessado em conhecer mais a fundo o rock’n’roll precisava ligar o radinho e ouvir Kid Vinil.
Uma das coisas que mais cativava os ouvintes – além do conhecimento, fosse a respeito de bandas consagradas ou obscuras – era com certeza a locução alucinada e empolgante de Kid. Com o advento da internet e da música digital, a difusão e o excesso de informações na rede tornaram ainda mais imprescindível o trabalho de garimpagem feito por pesquisadores entusiastas como Kid.
Agora, sem Kid Vinil para nos brindar com sua generosidade e seu entusiasmo pela música, resta agradecer pelo legado e preservar sua memória.