O premiado ‘A Partida’ dá lições sobre vida e morte

Filme japonês levou o oscar de melhor filme estrangeiro chega aos cinemas a partir desta sexta-feira

São Paulo – Talvez seja surpreendente, mas não inexplicável o fato de “A Partida” ter levado este ano Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Num ano em que estatuetas foram distribuídas no atacado a “Quem Quer Ser um Milionário?” faz muito sentido que filmes mais audaciosos, como o francês “Entre os Muros da Escola” e o israelense “Valsa com Bashir”, tenham sido derrotados por um filme convencional e previsível, como o drama japonês, que estreia nessa sexta-feira em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Goiânia e Belo Horizonte.

O Oscar de Filme em Língua Estrangeira, aliás, há muito tempo deixou de ser parâmetro de qualidade, premiando filmes como “Infância Roubada” (2005) — em vez de “Paradise Now” — ou “Lugar Nenhum na África” (2002), sem ao menos indicar “Cidade de Deus”.

Os filmes premiados na categoria são aqueles que merecem o lastro da Academia, convencionais e que raramente representam a cinematografia do país premiado.
Tanto “Entre os Muros da Escola” como “Valsa com Bashir” sustentam por si mesmos sua superioridade diante de “A Partida”, um produto japonês tipo exportação, mostrando peculiaridades da cultura local filtrada com uma aura cool para o mundo ocidental. No caso, os ritos funerários da tradição japonesa.

Daigo (Masahiro Motoki) é um cellista desempregado que arruma ocupação com um nokanshi veterano. Na cultura japonesa, a profissão de ‘nokanshis’ é uma combinação entre agente funerário e religioso — mas, não é exatamente nenhuma das duas ocupações, é algo único. A julgar como “A Partida” mostra essa função, ela é vista com certo desdém pelas pessoas.

Envergonhado, Daigo esconde sua nova profissão dos amigos e da mulher, que o abandonaram. No entanto, o trabalho de lavar, vestir e preparar os corpos para os parentes enlutados é algo nobre — tão nobre, que o filme explicita isso rapidamente, para que não haja tensão alguma ao longo da projeção.

Roteirizado por Kundo Koyama, “A Partida” é dirigido por Yôjirô Takita, que começou a carreira com os chamados ‘pink films’, ou seja, pornôs leves. Aqui, o diretor exagera em algo que acredita ser poesia visual, mostrando como Daigo e seu mestre — interpretado pelo veterano Tsutomu Yamazaki — preparam os corpos e também nas cenas da vida provinciana.

Até chegar a seu clímax previsível, “A Partida” vai exageradamente ensinar a lição de que a vida é curta e cada momento deve ser aproveitado.

Fonte: Reuters/Cineweb

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