‘A Salvação’ dá novo fôlego a ‘Exterminador do Futuro’

Novo filme da série se passa em 2018 em um mundo dominado pelas máquinas, novamente

Elenco de “O Exterminador do Futuro: Salvação” em Hollywood (Fonte: Reuters/Danny Moloshok)

São Paulo – O ano é 2003 e Marcus Wright (Sam Worthington) foi condenado à morte. No mesmo ano, a franquia “O Exterminador do Futuro” parece ter recebido a mesma sentença ao chegar ao terceiro longa. Eis que, alguns anos depois — a série em 2009, o personagem em 2018 — os dois voltam à vida em “O Exterminador do Futuro: Salvação”, que estreia em cópias legendadas e dubladas no Brasil nesta sexta-feira (5).

Todo o trabalho que a família Connor teve ao longo dos três filmes parece ter sido em vão. Eles tentaram evitar que as máquinas dominassem o mundo, mas eis que o quarto capítulo começa exatamente num futuro pós-apocalíptico, onde máquinas mandam e desmandam, os humanos vivem refugiados. É um cenário árido e desolador, que muitas vezes parece inspirado no premiado romance “A Estrada”, de Cormac McCarthy — que já foi filmado e em breve chega aos cinemas.

É nesse mundo que Marcus acorda, sem, ao menos, saber quem é. Desde o último filme, a Skynet, uma rede de inteligência, se tornou autossuficiente e responsável por um holocausto nuclear que transformou a terra nesse ambiente inóspito, onde ciborgues destroem humanos. John Connor (Christian Bale) se tornou uma espécie de Messias ao prever isso e alertar a humanidade. Liderando a resistência e ouvindo gravações deixadas por sua mãe (vivida por Linda Hamilton no primeiro filme), Connor coordena um exército que tenta derrotar as máquinas.

Como no novo “Star Trek”, viagem no tempo também faz parte de “O Exterminador do Futuro: Salvação”. Há um humano em especial que Connor precisa salvar. Kyle Reese (Anton Yelchin), seu pai, que viajou para o futuro, e cuja vida está em risco. Se ele morrer, Connor não nascerá e a humanidade perderá sua única esperança.

Soa complicado? Nenhum pouco. A lógica nunca foi quesito obrigatório nesse tipo de fantasia — uma alegoria sobre a desumanização dos homens na medida em que a tecnologia ganha cada vez mais força. Se toda a trama de Connor liderando a humanidade e combatendo máquinas não traz nenhum frescor, este vem do personagem Marcus e seu intérprete, que roubam o filme.

Pobre Bale. Deveria tentar um monólogo para não correr o risco de perder seus filmes para coadjuvantes. Se em “Batman – O Cavaleiro das Trevas” ele virou assessório para Heath Ledger, aqui ele perde as atenções para Worthington cujo personagem atormentado é muito mais interessante, vivido pelo ator muito mais talentoso, capaz de realmente interpretar algo, e não apenas fazer voz rouca.

Boa parte do mérito de “O Exterminador do Futuro: A Salvação” vem da direção precisa de McG, que estreou com “As Panteras” (2000), uma mistura de comédia com cultura pop, sem um pingo de massa cinzenta, mas muita diversão. Aqui, ele parece conhecer suas virtudes e riscos, e nunca vai além de onde está seguro. Esta é, antes de mais nada, uma ficção científica de ação, e o diretor sabe que explosões e efeitos exagerados não são necessariamente sinônimo de aventura, por isso acerta ao manter o filme o mais low profile possível — o horror vem da expressão de medo e terror dos humanos.

Com uma fotografia em tons de cinza e banhada por uma luz solar sob a qual qualquer grão de poeira se destaca, é no campo visual que o longa encontra sua força.
Ao contrário da moda atual, o longa não começa a série do zero, ignorando os outros filmes, mas traz novamente à vida personagens e até falas dos filmes originais. “O Exterminador do Futuro: A Salvação” cumpre exatamente o que promete. Sem as pretensões de “X-Men Origens: Wolverine” ou a pseudo-intelectualidade de “Star Trek”, o filme de McG, assim como a série toda, aponta que somos vítimas de nossa própria ganância tecnológica.

Fonte: Reuters/Cineweb

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