Educação paralisada

Professores e estudantes param, bloqueiam ruas e realizam protestos em diversas cidades

Só em São Paulo, docentes de 241 escolas privadas da cidade aderiram à greve. No Rio de Janeiro, Maranhão e Salvador, estudantes fecharam ruas e terminais de transporte público

Reprodução

Duzentos estudantes do centro de São Paulo bloquearam avenida da Consolação em apoio a professores

São Paulo – Centenas de estudantes secundaristas e universitários amanheceram hoje (28) mobilizados na greve geral contra as reformas do governo Temer, realizando trancamento de vias e protestos em diversas cidades do país. Pelo menos 4 milhões de trabalhadores da educação estão em greve no país, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que congrega 50 sindicatos do setor.

“A greve de hoje é muito importante para a categoria dos professores, para os trabalhadores da educação e para toda a população brasileira. Foi com greves que conquistamos direitos importantes para a classe trabalhadora e hoje estamos brigando pela educação para todos. Para conquistar 100% desse direito é preciso ter direitos econômicos e trabalhistas garantidos e esse governo golpista e covarde esta nos tirando esses direitos conquistamos em décadas”, disse o presidente da CNTE, Heleno Araújo, em entrevista à Rádio Brasil Atual, às 10h.

Só em São Paulo, professores de 241 escolas privadas da cidade aderiram à greve, em uma paralisação inédita na categoria, incluindo colégios tradicionais da cidade, como Equipe, Escola da Vila, Oswald de Andrade, Rainha da Paz, Poliedro, Rio Branco, Santa Cruz, Politeia e Santa Marcelina. Duzentos estudantes da região da Santa Cecília, no centro da cidade, bloquearam o cruzamento da avenida da Consolação com a Maria Antônia, em apoio a professores de escolas públicas e particulares que paralisaram atividades hoje.

Outro grupo de alunos fechou a avenida Francisco Morato, na zona oeste de São Paulo. Trabalhadores do ensino bloquearam avenida Faria Lima, na altura dos Jardins, também na zona oeste, reforçando a paralisação nacional e dificultando a chegada em escolas da região que decidiram abrir o colégio à revelia da decisão de seus professores.

Professores das instituições particulares da região central de São Paulo organizarão aulas públicas a partir das 11h no Largo Santa Cecília, para discutir temas como educação, trabalho e previdência. A partir das 15h, os professores se reúnem em um ato na Praça dos Arcos, na zona oeste da cidade e saem em marcha até a manifestação convocada por movimento sociais no Largo da Batata, às 17h.

Em Campinas, no interior do estado, centenas alunos e professores realizaram protestos nas principais vias da cidade. Mães com crianças em idade de pré-escola aderiram ao movimento e participaram de uma marcha organizada na cidade.

No Rio de Janeiro, estudantes fecharam linhas do BRT que transportam milhares de trabalhadores. “Estamos organizando piquetes a mais de uma hora, fechando uma via expressa que leva milhares de trabalhadores para dizer que não vai ter produção hoje e que esse prejuízo vai estar no bolso dos patrões. Os trabalhadores estão organizados, construindo a greve geral que é só um primeiro passo para dizer ‘não’ às reformas de Temer”, disse um estudante ligado a UNE em vídeo.

Em Niterói (RJ), diversos sindicatos ligados à educação e organizações estudantis realizaram uma ato e fecharam as barcas que dão acesso ao município, impedindo a circulação. Sindicatos dos professores, dos bancários e dos marítimos participaram do protesto. A ponte que liga a cidade ao Rio de Janeiro também foi fechada.

“As reformas da previdência e da CLT não vão passar sem resistência popular. Os trabalhadores unidos vão mostra que governo Temer não tem condições de passar uma agenda ultraliberal”, disse estudante durante o protesto de Niterói também em vídeo.

Estudantes e professores de Salvador fecharam a avenida ACM, uma das principais da cidade em protesto na manhã de hoje. “Estamos em luta unidos, os trabalhadores, com centrais sindicais, e com as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo para dizer não para s reformas de Temer”, disse uma estudante que participava do ato.  

Na Universidade Federal do Maranhão, em São Luís, as mobilizações começaram às 5h, quando estudantes secundaristas e universitários realizaram barricadas com pneu e fogo para impedir a circulação nas principais vias da cidade. Com faixas e cartazes eles bradavam “não tem arrego!”.

No estado, o apoio a greve é unânime em todas as entidades da educação ligadas a educação, inclusive as que representam trabalhadores terceirizados. “Estamos na rua para conter as reformas trabalhistas e da previdência de Temer”, disse em estudante em vídeo. “Esse movimento é válido para que possamos combater esse governo golpista”, disse outro aluno.

“Um país que já paga vergonhosamente mal a seus educadores ameaça agora a perda de seus direitos garantidos pela CLT, com uma reforma que terá consequências inevitáveis na qualidade de ensino da escola pública e privada, no desenvolvimento da universidade, da pesquisa e da ciência”, diz nota da União Nacional dos Estudantes, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos publicada hoje.

 

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