Luta de todos

Alunos de escolas particulares articulam apoio à greve geral. ‘É hora de fazer nossa parte’

Secundaristas planejam panfletagem e travamento de ruas. “As escolas privadas também têm de se manifestar, porque as reformas de Temer vão afetar a todos”, diz estudante

Marcia Minillo/RBA

Alunos dos colégios Equipe, Oswald de Andrade, Escola da Vila e Vera Cruz planejam ação para aumentar engajamento de estudantes

São Paulo – Estudantes de algumas particulares de São Paulo articulam mobilizações para fortalecer a greve geral organizada por dezenas de categorias profissionais na próxima sexta-feira (28), contra a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e a terceirização irrestrita, propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB). Os secundaristas sairão ás ruas em apoio à luta dos professores particulares da capital paulista, que já decidiram para em pelo menos 46 unidades de ensino privadas.

Ao longo da semana, integrantes dos grêmios dos colégios Equipe, Oswald de Andrade, Escola da Vila e Vera Cruz se reuniram para planejar ações conjuntas de apoio aos professores e de engajamento de estudantes na greve geral. “Essas reformas que o governo Temer esta tentando implantar são para fazer com que os trabalhadores e as classes menos favorecidas paguem pela crise que os capitalistas criaram. É uma maneira de explorar ainda mais a classe trabalhadora. Afeta a todos”, diz a estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio Equipe Luísa Segalla.

Entre as ações previstas estão panfletagens – que estão sendo realizadas desde o começo da semana – e travamento de vias para dificultar a chegada em escolas particulares da capital paulista que não aderiram à paralisação. As vias e as regiões da cidade em que haverá travamento não serão divulgadas. “As escolas privadas também têm de se manifestar, porque são medidas que vão afetar a todos”, diz o também secundarista Vinicius Toscano, de 16 anos.

“Estamos tentando engajar mais os estudantes, fazendo panfletagem nas escolas Nossa Senhora do Sion e Renascença (ambas em Higienópolis, na região central de São Paulo), porque os alunos de lá parecem não estar muito informados sobre o que esta ocorrendo. Queremos agitar mais os alunos e mostrar que a gente apoia a luta que os professores estão querendo travar”, conta Luísa, de 16 anos, que planeja estudar psicanálise.

Em 15 de março, quando milhares de manifestantes saíram às ruas contra as reformas em diversas cidades do país contra as reformas, os estudantes do Equipe realizaram um debate sobre quais seriam os impactos das mudanças na previdência e na legislação trabalhista para o país. “O grêmio da escola tinha outro caráter, mas a partir dessa conversa resolvemos agitar o grupo de forma mais política. Fizemos um jogral na quadra para convidar os outros alunos a participarem”, conta Luísa.

“Todo mundo tem de se manifestar. A classe média também tem esse papel, por historicamente ter mais acesso a informação, de tentar promover mais diálogo e mais lutas”, diz Vinicius, que planeja estudar Física na universidade. “A classe média começou a se manifestar nas redes sociais e ainda tem muita gente que só fica falando, fazendo comentário, mas quando é para fazer a luta não vai para a ação, isso na direita e na esquerda.”

Docentes ligados ao Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), que reúne profissionais das escolas particulares, já haviam deliberado em assembleia que irão aderir à greve geral de sexta-feira. No dia, eles realizarão um ato no Largo da Batata com concentração a partir das 15h. Na lista de escolas que vão aderir à paralisação, ainda preliminar, estão os colégios Santa Cruz, São Luís, Rainha da Paz, São Domingos, Anglo 21, Politéia e Maple Bear.

“A adesão à militância dos alunos do Equipe é muito mais complicada do que debater e discordar do que esta acontecendo. As vezes a galera entra no argumento do espaço de fala, dizendo que ‘somos de uma escola particular, estamos em uma condição privilegiada’, e não podemos participar, mas em muitas situações esse argumento não vale”, diz a aluna do terceiro ano do ensino médio, Fernanda Tavares, de 17 anos, que planeja prestar vestibular para Artes Visuais. “Não é dizer: ‘sou privilegiado e não vou fazer nada sobre isso’. Você pode agir e sair da sua zona de conforto”.

Marcia Minillo/RBA
“As reformas de Temer são para fazer com que os trabalhadores paguem pela crise", diz estudante

Uma das inspirações para as mobilizações do dia 28 serão os atos e travamentos de ruas realizados pelos secundaristas de escolas públicas de São Paulo, em protestos contra a reorganização escolar do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e contra a reforma do ensino médio, do governo Temer.

“Estamos tendo ideias inspiradas neles. É sempre bom somar na luta”, diz a aluna Maria Eduarda Duarte, de 17 anos, que quer estudar Letras e ser professora. “Alguns dos nossos professores saíram de madrugada para colar cartazes em apoio à greve. Esse tipo de ação é inviável para a gente, mas estamos fazendo outras coisas, dentro das nossas possibilidades.”

As propostas do governo Temer são rechaçadas pela maioria da população. Pesquisa Vox Populi divulgada no dia 13 indica que93% dos brasileiros são contra a reforma da Previdência e 80% contra a terceirização

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