Após 16 dias

Professores municipais de São Paulo decidem encerrar greve

Resolução foi tomada em assembleia com mais de 10 mil participantes. Docentes e trabalhadores do setor também deliberaram unir forças com outras categorias para a mobilização geral do dia 28 de abril

Nelson Gariba/Brazil Photo Press/Folhapress

Avaliando que a greve foi bem sucedida, professores vão se concentrar agora no dia 28 de abril

São Paulo – Reunidos em frente à sede da prefeitura de São Paulo na tarde desta sexta-feira (31), os professores da rede municipal de ensino decidiram encerrar a greve da categoria que já durava 16 dias. A decisão foi tomada em assembleia após uma comissão do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Sinpeem) ter sido recebida por representantes do governo de João Doria (PSDB).

Embora uma parcela significativa dos professores presentes preferisse manter a greve – segundo os organizadores do ato havia em torno de 10 mil pessoas – a maioria optou por finalizar a paralisação e concentrar energias para as manifestações que estão sendo articuladas para o dia 28 de abril.

A decisão foi tomada após o presidente do Sinpeem, Claudio Fonseca, ler uma série de pontos acordados com o Executivo municipal como o compromisso de não descontar do salário os dias de greve mediante reposição de aulas; não agilizar o trâmite do SampaPrev, projeto que prevê a reformulação do sistema previdenciário dos professores municipais, discutindo o tema com o Sinpeem; a convocação até junho dos aprovados no último concurso público da categoria; a apresentação ainda em abril do novo valor do piso salarial para profissionais, docentes e quadro de apoio, com aplicação em maio, entre outros pontos.

Durante a assembleia, os professores decidiram manter a mobilização contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, a reforma da Previdência proposta pelo governo de Michel Temer, e enfatizaram a necessidade de agrupar forças com outras classes de trabalhadores com vistas às manifestações de 28 de abril. “A luta contra a PEC 287 é uma posição política permanente”, afirma Claudio Fonseca. “A questão que nos trouxe até aqui foi a centralidade da nossa pauta com relação a PEC 287 e a união com os demais trabalhadores públicos e privados. A luta contra a reforma da Previdência não é uma luta sozinha do sindicato”, analisa o presidente do Sinpeem.

Um pouco antes da decisão de voltar às aulas, Nelson Galvão, conselheiro do sindicato na região de Perus, destacou as conversas com pais de alunos nos bairros e regiões da cidade durante os 16 dias de greve. Para ele, esse diálogo foi fundamental para explicar as razões que levaram a categoria a entrar em greve, explicar a proposta de reforma da Previdência do governo Temer e, assim, angariar apoio da comunidade ao movimento. A avaliação é que a paralisação já era vitoriosa por ter conscientizado a sociedade sobre a PEC 287, caso contrário, a proposta talvez já tivesse sido aprovada.

“A pauta local é importante e vai ganhar apoio na medida da capacidade de construir a greve geral. Só com a ampla unidade da classe trabalhadora vamos derrotar essas reformas que são, na verdade, um amplo desmonte de direitos”, pontua Nelson Galvão.

 

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