dentro do previsto

IPCA aponta para inflação dentro da meta em 2013, diz Pochmann

Para economista, BC acertou ao não aceitar diagnóstico de que país caminhava para cenário de descontrole inflacionário

Para Pochmann, a aceleração no final do ano passado e início deste não teve impacto generalizado no custo de vida (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

 

São Paulo – A evolução dos indicadores de inflação vem apontando para um resultado dentro das metas previstas pelo Banco Central para 2013 e corrobora as ações tomadas pelo governo federal, que não acreditou no cenário de descontrole inflacionário pintado por alguns analistas. Essa é a avaliação de Marcio Pochmann, economista e presidente da Fundação Perseu Abramo, sobre os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, divulgados hoje (8) pelo IBGE.

O índice oficial de inflação teve variação de 0,55% em abril, interrompendo trajetória descendente verificada nos dois meses anteriores. No entanto, no acumulado em 12 meses, o IPCA foi para 6,49%, abaixo dos 12 meses imediatamente anteriores (6,59%). Com isso, voltou para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (teto de 6,5%). “A inflação deve ficar dentro do que se espera no regime de metas, acima do centro, mas dentro do que as bandas permitem”, afirma Pochmann.

O resultado de abril corresponde ao que havia sido previsto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a alta nos primeiros meses do ano era natural, especialmente por conta da entressafra de alguns dos principais alimentos, e que o IPCA caminharia para dentro do teto da meta em breve.

“Tivemos uma aceleração no final do ano passado e início deste por  fatores de ordem conjuntural que não se difundiram generalizadamente no custo de vida”, lembra Pochmann. Principais vilões dessa alta, os alimentos registraram elevação de 0,96%, menor do que a do mês anterior e mostrando, segundo o IBGE, “continuidade da desaceleração” nos preços dos alimentos, tendência iniciada em fevereiro.

Dessa forma, diz Pochmann, “as decisões do Ministério da Fazenda e do BC foram suficientemente responsáveis para não aceitar o diagnóstico de que estaríamos em cenário de inflação descontrolada causada, que exigira receituário mais forte que poderia contaminar drasticamente o nível de atividade econômica”.

Em sua última reunião, dias 16 e 17 de abril, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) optou por um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic, a primeira elevação desde agosto de 2011, levando a taxa para 7,5% ao ano. Para Pochmann, se o BC tivesse aceitado o diagnóstico que determinadas consultorias financeiras e bancos apresentaram, de que o país caminhava para uma inflação descontrolada decorrente de intenso ciclo de expansão da demanda, possivelmente teria promovido um aumento maior, de 0,75 ponto.

“O BC foi comedido e correto, pois tomou a decisão não imaginando o descontrole, mas para influenciar as expectativas de quem poderia ser afetado por essa visão e criar um efeito difusor de aumentos de preço sem necessidade, em cima da falsa expectativa de que o BC não agiria para controlar a inflação. Ao mesmo tempo, a autoridade não quis contaminar em sentido inverso as expectativas de quem quer investir em atividade econômica e aumentar produção”, diz o economista.