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Metalúrgicos pedem veto à fusão da Embraer com a Boeing

Trabalhadores alertam que 'joint venture' vai resultar em demissões e país perderá soberania. 'Trata-se do único setor de tecnologia intensa que possui superávit na balança comercial brasileira'

AGÊNCIA BRASIL/EBC

‘Junção da Embraer não trará benefícios para o Brasil e, muito menos, para os trabalhadores brasileiros’, diz sindicato

São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, no interior paulista, quer o veto da fusão da Embraer com a norte-americana Boeing, assinada nesta quinta-feira (5). Segundo os metalúrgicos, o negócio coloca em risco a soberania nacional e milhares de empregos do setor aeronáutico.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, nesta quarta-feira (4), o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros, afirma que os trabalhadores estão apreensivos com a venda da empresa nacional e suas consequências. Na região do Vale do Paraíba são quatro mil empregos indiretos ligados à Embraer, somados a 18 mil trabalhadores da empresa.

“Há a possibilidade de demissões, abertura de programa de demissão voluntária (PDV), então há uma angústia dos trabalhadores. Não existe conversa entre Embraer e trabalhadores. Já enviamos várias cartas e a empresa não nos respondeu”, lamenta. 

Em nota, o sindicato diz que a joint venture (empresa conjunta) entre Embraer e Boeing não é um negócio qualquer. “A empresa brasileira é a terceira maior exportadora do Brasil. Está atrás apenas da Vale e Petrobras. Trata-se do único setor de tecnologia intensa que possui superávit na balança comercial brasileira”, critica.

Herbert diz que não há movimentação política para suspensão do acordo, mas que os trabalhadores estão trabalhando para impedir o negócio. “O governo federal tem a obrigação de vetar a negociação. Ao contrário do que afirmou a Embraer em comunicado, esta junção não trará benefícios para o Brasil e, muito menos, para os trabalhadores brasileiros”, diz o texto do sindicato. 

Leia a nota completa abaixo:

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, vai entrar em uma nova fase na luta contra a venda da Embraer para a Boeing. Com o anúncio de entendimento entre as duas empresas, divulgado nesta quinta-feira (5), o Sindicato vai cobrar do Governo Federal e do Congresso Nacional o veto à operação que coloca em risco a soberania nacional e milhares de empregos do setor aeronáutico.

A joint venture entre Embraer e Boeing não é um negócio qualquer. A empresa brasileira é a terceira maior exportadora do Brasil. Está atrás apenas da Vale e Petrobras. Trata-se do único setor de tecnologia intensa que possui superávit na balança comercial brasileira. 

O governo federal, detentor da ação Golden Share, tem a obrigação de vetar a negociação. Ao contrário do que afirmou a Embraer em comunicado, esta junção não trará benefícios para o Brasil e, muito menos, para os trabalhadores brasileiros. 

Desde que os planos de venda foram divulgados, no final do ano passado, as demissões não param de acontecer na Embraer. Embora o Sindicato não tenha acesso a números oficiais, estima-se que este ano já foram demitidos cerca de 300 funcionários. 

Segundo o comunicado da Embraer, o setor de defesa – essencial para a soberania do Brasil – também ficará nas mãos da norte-americana Boeing por meio de outra joint venture. 

O Governo Federal e o Congresso Nacional têm o papel de defender os interesses do Brasil e, portanto, não podem ser coniventes com esse crime de lesa-pátria. 

O Sindicato dos Metalúrgicos reafirma sua posição contrária à venda da Embraer e defende a imediata estabilidade no emprego para todos os trabalhadores e a reestatização da empresa.