prejuízos

FUP alerta sobre riscos da saída da Petrobras do setor de fertilizantes

Para petroleiros, governo federal só pensa no lucro, enquanto o bem-estar social e um projeto de nação deveriam ser prioridade

Divulgação/Petrobras

Na terça-feira passada (20), a estatal anunciou a hibernação das fábricas de fertilizantes hidrogenados no Sergipe e na Bahia

São Paulo – A saída da Petrobras do setor de fertilizantes será prejudicial para a soberania alimentar e o controle de gases tóxicos, afirma a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que prepara um documento para contestar os argumentos do governo federal acerca dos alegados prejuízos financeiros nas fábricas de fertilizantes nitrogenados. Para a entidade, o bem-estar social e o projeto de nação deveriam estar à frente do lucro.

Na terça-feira passada (20), a estatal anunciou a “hibernação” das fábricas em Sergipe e na Bahia. O secretário de Comunicação da FUP, Gerson Castellano, afirma que o fechamento das fábricas resultará no aumento de importação dos fertilizantes hidrogenados, prejudicando a economia local.

Além disso, Castellano argumenta que a base alimentar do brasileiro depende do uso destes fertilizantes. “Eles são usados na agricultura de alimentos da qual dependemos muito, como o feijão, a batata, o milho e o trigo. Vamos ficar reféns de multinacionais que não vão priorizar o nosso mercado. Portanto, os fertilizantes vão além da questão da lucratividade, fazem parte também da estratégia de soberania alimentar nacional.”

Segundo o governo, na unidade da Bahia foi apontado um prejuízo de R$ 200 milhões, e na do Paraná, R$ 400 milhões, em 2017. Esses resultados foram vistos com desconfiança pelos petroleiros, já que o principal insumo é o gás, fornecido pela própria Petrobras, acionista majoritária das fábricas. “A gente vê o governo brasileiro desonerando vários setores industriais que não são estratégicos e esse, que é importante, é visto como gasto desnecessário”, critica o secretário.

O dirigente lembra ainda que as fábricas de fertilizantes também são responsáveis pela produção do Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32), que converte os óxidos de nitrogênio (NOx) nocivos da exaustão dos veículo a diesel em nitrogênio e vapor de água inofensivos. O Arla 32 é essencial para reduzir essa emissão de gases tóxicos”, destaca.

O diretor da FUP acredita que as fábricas serão entregues a um custo baixo, tornando possível seu fechamento por parte do comprador. A empresa Yara, da Noruega, e a Acron, da Rússia, já demonstraram interesse nas fábricas do Paraná e Mato Grosso do Sul. “A Fafen Paraná está cotada a zero reais por não dar lucro. É um absurdo. Essas empresas serão entregues a um valor baixo que tornará possível que as empresas de fora nem precisem operar, apenas utilizá-las como depósito”, conclui.

Paralelamente, a FUP está tentando agendar uma reunião com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, nesta terça (27), para exigir explicações. Devem participar da reunião, além dos dirigentes sindicais, deputados, senadores e os governadores dos estados da Bahia (Rui Costa, do PTe Sergipe (Jackson Barreto, do MDB).

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