Acesso a água melhora, mas analfabetismo se mantém em 14,2 milhões

PNAD mostra Nordeste como região com maior número de analfabetos. Número de pessoas que não conseguem compreender um bilhete simples se manteve estável de 2007 a 2008

A taxa de analfabetismo no Brasil permaneceu estagnada de 2007 a 2008, constatou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) divulgada nesta sexta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Havia 14,2 milhões de analfabetos maiores de 15 anos. Indicadores relacionados a redes de abastecimento de água e esgoto, mostraram melhora da qualidade de vida.

As pessoas com mais de 15 anos e menos de quatro anos de escolarização, consideradas analfabetas funcionais, somavam 21% da população, 0,8 ponto percentual a menos do que em 2007. Isso significa 30 milhões de analfabetos funcionais.

No Nordeste, o índice de pessoas que não sabem ler e escrever um bilhete simples é de 19,4%, quase o dobro dos 10% de média nacional. De acordo com o coordenador do movimento Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos, ouvido pela Agência Brasil, os dados “espelham um certo apartheid de oportunidades educacionais”, que requer novas estratégias para ser superado.

“O que tem impacto nesse analfabetismo, que permanece no mesmo patamar, é a evasão significativa dos alunos. Em geral, eles moram em lugares distantes (dos centros urbanos), trabalham durante o dia, em geral no campo, ficam muito cansados para estudar e têm dificuldades naturais de permanecer na escola”, explicou.

Entre os sexos, a taxa de analfabetismo é maior entre os homens com 15 anos ou mais – de 10,2%. Para mulheres da mesma faixa etária é de 9,8% em todo o país. A Pnad ressalta, entretanto, que nas regiões Sul e Sudeste o problema é maior entre as mulheres. 

O ministro da Educação, Fernando Haddad, se disse surpreendido e lamentou o resultado porque a taxa “caiu muito pouco”. Entre as pessoas com mais de 25 anos, houve aumento de 140 mil analfabetos com maior participação das regiões Sul e Sudeste. “É um dado estranho”, avaliou o ministro. “Supostamente, é como se pessoas que se declararam alfabetizadas em um ano se declarassem analfabetas no (ano) seguinte.”

Pelos dados, a média de estudo dos brasileiros é de 7,1 anos. Dos estudantes, 79% estavam matriculados em escolas públicas. No Norte e no Nordeste, percentual é de 80%.

Água e rede elétrica

O número de domicílios brasileiros com rede de abastecimento de água cresceu 0,7 ponto percentual no ano passado e a cobertura atingiu 83,9% das 57,7 milhões de residências, segundo o levantamento. A rede de esgoto teve expansão de 1,4 ponto percentual, mas só 30,2 milhões das residências contavam com o serviço.

A Pnad apontou também que, em 2008, 98,6% dos domicílios possuíam rede elétrica, permitindo que 92% das casas tivessem geladeira, 89% contassem com rádio e 95% possuíssem TV. O índice é chave para o programa federal Luz para Todos, voltado à universalização de acesso ao serviço.

A telefonia expandiu-se em 5,2 pontos percentuais, alcançando 82% dos domicílios, por conta da disseminação dos celulares. Tem acesso apenas à comunicação móvel 37% das casas.

O IBGE alertou que menos de um terço (31,2%) tinha computador e apenas 24% da população estava conectada à Internet.

Com informações da Agência Brasil e Reuters

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