IBGE mostra mercado de trabalho mais formal, mas ainda com desigualdades

Trabalhadores com carteira assinada passaram de 39,7% para 48,5% de 2003 a 2011. Diferença de renda entre homens e mulheres e brancos e pretos diminuiu, mas ainda é alta

 São Paulo – No período de 2003 a 2011, que compreende a atual série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado cresceu 48%, com expansão de 72% nas regiões metropolitanas de Recife e 63% em Salvador, tradicionalmente as de menor formalização. Assim, a participação do emprego formal no total de ocupados passou de 39,7%, em 2003, para 48,5% no ano passado, percentual recorde. Superou a metade em São Paulo (52%) e Porto Alegre (50,2%). Os sem carteira foram de 15,5% para 11,1% e os trabalhadores por conta própria, de 20% para 17,9%. Em dezembro de 2011, o número de empregados com registro foi estimado em 11,2 milhões, para um total de 22,7 milhões de ocupados.

O ritmo de crescimento do emprego formal em 2011 foi próximo ao do ano anterior (6,8% ante 7,2%). Já o aumento da ocupação foi de 2,1% no ano passado, ante 3,5% entre 2009 e 2010. Em toda a série, a ocupação cresceu 21,3%. Em igual período, o total de desempregados caiu 45,3%.

A pesquisa mostra aumento da escolaridade. O percentual de trabalhadores com 11 anos ou mais de estudo, que era de 46,7% em 2003, chegou a 60,7% no ano passado. Também cresceu a participação dos ocupados com 50 anos ou mais de idade – de 16,7% para 22%.

O IBGE apontou ainda disparidades entre rendimentos de homens e mulheres e entre brancos, pretos e partidos. No ano passado, as mulheres ganhavam em média R$ 1.343,81 – 72,3% do rendimento dos homens (R$ 1.857,64). “A diferença permaneceu constante em relação a 2010, o que interrompe os avanços que ocorreram desde 2007”, diz o instituto. A menor proporção foi registrada em 2003 (70,8%).

No corte racial, o rendimento médio dos trabalhadores de cor branca foi estimado em R$ 2.050,25, o dos trabalhadores de cor preta em R$ R$ 1.073,22 e os de cor parda, em R$ 1.121,44. Nos dois últimos grupos, o rendimento cresceu mais de 2003 a 2011 em relação aos brancos (38,6% para os pretos e 36,7% para os pardos, ante 22,4% para os brancos). Com isso, a diferença diminuiu, embora continue alta. Em 2011, o salário dos pretos correspondia a 52,3% do rendimentos dos brancos e o dos pardos, a 54,7% – em 2003, essas proporções eram de 46,2% e 49%, respectivamente.

Em dezembro, as seis regiões pesquisadas pelo IBGE tinham 22,734 milhões de ocupados e 1,133 milhão de desempregados.