FMI pede e Brasil empresta dinheiro a europeus, mas cobra responsabilidade

Mantega e Christine Lagarde: prefiro ser credor, disse o ministro brasileiro (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil) São Paulo – O Brasil atendeu ao pedido feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para […]

Mantega e Christine Lagarde: prefiro ser credor, disse o ministro brasileiro (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)

São Paulo – O Brasil atendeu ao pedido feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a liberação de mais recursos na tentativa de minimizar os efeitos da crise econômica, em especial na Europa. O anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que recebeu a visita da diretora-gerente do FMI, a francesa Christine Lagarde.

“Desta vez o FMI não veio trazer dinheiro como no passado, mas veio pedir dinheiro para o Brasil emprestar. Prefiro ser credor do que devedor. Temos larga cooperação que vamos reforçar”, disse Mantega. O país já havia sinalizado em novembro, na França, durante a Cúpula do G20, grupo dos países mais desenvolvidos, que liberaria mais recursos para as nações europeias em dificuldades.

Tanto a presidenta Dilma Rousseff quanto os demais chefes de Estado e de governo manifestaram, à ocasião, que era preciso esperar pela adoção de medidas concretas que assegurassem bom destino ao dinheiro.

O ministro voltou a fazer advertências sobre a necessidade de atitudes concretas por parte dos líderes das nações do Norte. Mantega entende que os europeus têm de chegar a um consenso sobre a criação de uma política fiscal comum antes que a situação piore. “A solução europeia tem de vir antes que o mercado caminhe para um estresse forte sobre o crédito, que pode contaminar outras economias”, advertiu o ministro.

Na quarta-feira (30), os principais bancos centrais da Europa anunciaram em parceria com o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, a liberação de crédito em dólar a custos reduzidos e com poucas garantias. A nova tentativa de dar liquidez em moeda norte-americana aos países em dificuldade animou os mercados financeiros, ao mesmo tempo que aumentou a visão de que a zona do euro se aproxima de um ponto de inflexão que pode levar a que seja dissolvida.

“A decisão dos bancos centrais de liberar recursos para mercados sem liquidez é oportuna, mas é um sinal de que a situação ficou um pouco mais complicada”, disse Mantega, que acrescentou que é preciso caminhar em direção a outras medidas.

Christine Lagarde também manifestou a visão de que o socorro feito esta semana não é suficiente. “Quando os bancos centrais agem em conjunto, é eficaz porque alivia tensões do mercado. Trata-se de uma iniciativa positiva, mas não é a única necessária”, declarou. A diretora do FMI acrescentou que a instituição vai agir nos casos em que for chamada, mas sempre dentro dos parâmetros internos. “Operamos quando solicitados. O FMI vai fazer o necessário, mas seguindo o regimento, com aprovação da diretoria”, indicou.

O ministro brasileiro disse ainda que o valor do novo aporte será definido em conjunto com Rússia, Índia, China e África do Sul, os países que compõem o chamado bloco dos Brics, antes da nova reunião do G20, em fevereiro. Mantega aproveitou para lembrar que a liberação está condicionada à redistribuição de poder dentro do órgão e à colaboração dos países ricos. “Esperamos que todos os países compareçam. Vamos colocar nossos recursos, mas esperamos que eles também entrem com a parte deles, até porque se trata de países muito mais ricos e fortes do que nós”.

Com informações da Agência Brasil