Preço da cesta básica cai em nove e aumenta em oito capitais

Com o resultado de fevereiro, Dieese calculou o salário mínimo necessário para uma família em R$ 2.194,18

Após controle da chuva, safra de arroz e de feijão deve ser boa, levando os preços a uma baixa (Foto: David Lebrero/Sxc.hu)

São Paulo – O preço da cesta básica calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) caiu, no mês passado, em nove das 17 capitais pesquisadas. Segundo o instituto, as principais quedas foram apuradas em Brasília (-2,02%) e Florianapólis (-2,07%). Nas oito cidades onde houve alta, as maiores foram as de Aracaju (4,32%), Curitiba (3,36%) e Recife (3,20%).

Para José Maurício Soares, coordenador da pesquisa nacional sobre cesta básica, parte dos aumentos explica-se por questões climáticas. “Há uma tendência de que agora, após o controle da chuva, possa ter uma boa safra de feijão e o preço continuar baixando. O caso do arroz é semelhante”, exemplifica.

No caso da carne, ele lembra que a alta está relacionada à demanda internacional, amainada pela crise financeira. “Agora, o boi está no ponto de abate e com isso se tem um barateamento da carne também”, aposta.

Em São Paulo, o Dieese apurou leve retração (-0,3%), mas mesmo assim o valor da cesta foi o maior de todos e chegou a R$ 261,18. Apenas em Aracaju (SE) o preço ficou abaixo de R$ 200. Com base no preço da cesta paulista, o instituto calculou o salário mínimo necessário para atender às necessidades de uma família em R$ 2.194,18, o equivalente a 4,02 vezes o novo valor oficial do mínimo (R$ 545). Em fevereiro do ano passado, essa proporção era de 3,92.

No bimestre, o preço subiu em 16 capitais – a exceção foi São Paulo. Ja no acumulado em 12 meses, os valores subiram em todos os municípios pesquisados, chegando a subir 26,7% em Goiânia e 20,84% em Fortaleza. Só três cidades (Porto Alegre, Salvador e Vitória) tiveram aumentos inferiores a 10%.

Aumentou o tempo para comprar os alimentos essenciais. De acordo com o Dieese, um trabalhador que ganha salário mínimo precisou cumprir uma jornada média, em fevereiro, de 95 horas e nove minutos, equivalente ao de janeiro (95 horas e três minutos). Mas em fevereiro de 2010, essa jornada era de 88 horas e 52 minutos.