Meirelles: economia estável reduz chance de mudanças dramáticas

São Paulo – O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a destacar os ganhos com a estabilidade econômica, ressaltando que há custos, como na acumulação de reservas, recolhimento de […]

São Paulo – O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a destacar os ganhos com a estabilidade econômica, ressaltando que há custos, como na acumulação de reservas, recolhimento de compulsórios e controle dos preços, mas eles são menores e os benefícios, “enormes”.

“O ganho não é apenas financeiro, mas para toda a sociedade, em termos de crescimento da economia, criação de empregos, arrecadação pública…o ganho é diretamente percebido e recebido pela sociedade brasileira. Agora, isso tem um custo”, afirmou nesta terça-feira em evento em São Paulo.

Na visão de Meirelles, contudo, “o país aprendeu” e não se questiona mais a estabilidade.

“Os custos existem, mas são menores. E os ganhos e benefícios são enormes e aparecem de diversas formas, desde, por exemplo, no caso do sistema financeiro, um sistema mais sólido; basta ver a capacidade de continuar crescendo. Saímos da crise crescendo. O país e o sistema financeiro”, afirmou.

Para Meirelles, os ganhos com a estabilidade da economia, inclusive, reduziram o campo de manobras para mudanças à frente. “A possibilidade de mudanças dramáticas é muito pequena porque qualquer coisa que ameace a estabilidade… será rapidamente objeto de reação da sociedade brasileira.”

Brasil seguirá desenvolvidos em juros

A estabilidade também foi apontada por Meirelles como essencial para a trajetória cadente do juro no longo prazo no país.

“O que levará à queda da taxa de juro de longo prazo no Brasil, a taxa base, de mercado, de mercado futuro, do interbancário, de referência, será a manutenção da estabilidade da economia, porque isso diminui o risco de prêmio da economia, o prêmio de risco da inflação e faz com que o custo caia.”

De acordo com Meirelles, as taxas de juros baixas dos países desenvolvidos resultam da estabilização de suas economias, longas décadas de economia estável, sem crises geradas por fenômenos inflacionários ou crises cambiais. “Caminho que o Brasil está seguindo”, acrescentou.

“É inevitável que com o prosseguimento de políticas responsáveis macroeconômicas teremos um caminho de custo menor.”

Para o presidente do BC, contudo, mais importante que a queda do juro real é o alongamento dos horizontes de planejamento das famílias e das empresas e, em consequência, aumento do investimento e taxas maiores de crescimento da economia.

“O Brasil aumentou o padrão de crescimento”, disse, destacando que o emprego cresce de forma importante.

Ele lembrou que durante muito tempo o país se preocupou com a estabilidade dos preços, o custo do juro, de se manter a Selic em patamares onde esteve nos últimos anos, para que se manter a estabilidade de preços no Brasil.

“Hoje conhecemos o resultado da estabilidade, o resultado positivo, qual a vantagem, qual o benefício… quando entramos, a taxa Selic estava em 25 por cento, está menor… a taxa de juro real vem caindo sistematicamente”, citou, lembrando que isso também beneficia o Tesouro, pois reduz o custo de captação.

Compulsórios e Reservas

Meirelles também justificou o custo de manutenção das reservas internacionais, dizendo que, quando a crise global ocorreu, ficou claro que isso foi benéfico. Assim como no caso dos depósitos compulsórios, que se mostraram um instrumento fundamental para o país sofrer “menor efeito colateral”.

O presidente do BC também aproveitou para destacar o “impressionante” baixo custo fiscal do Brasil em comparação com outros países do G20 para o enfrentamento da crise.

“Todos os países avançados estão com situação de dívida pública substancialmente aumentada, e o Brasil tem o menor percentual de aumento da dívida líquida pública em relação ao PIB entre os países do G20”, afirmou.

Fonte: Reuters