Dieese mostra que 80% dos reajustes salariais superaram inflação em 2009

Salário mínimo 'puxou' os reajustes salariais em 2009, nos setores de comércio e serviços

(Foto: Antônio Cruz/ABr)

São Paulo – A crise econômica internacional não afetou as negociações salariais em 2009, revela balanço do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado nesta quinta-feira (18).

Segundo o estudo, 80% de 692 negociações ocorridas no Brasil em 2009 foram concluídas com reajustes salariais acima da inflação. Esse número chega a 93% quando se leva em conta as categorias que conseguiram pelo menos  a reposição de perdas.

Cerca de 7% das negociações ficaram abaixo da inflação. “Apesar do contexto global de crise econômica, as entidades sindicais brasileiras lograram conquistar mais um ano de bons resultados nas negociações salariais dos trabalhadores”, diz o estudo.

De acordo com o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, 2009 foi o terceiro melhor ano da série, iniciada em 1996.  “Mesmo as categorias que não recuperaram a inflação ficaram em uma faixa muito próxima do INPC. Isso demonstra uma estabilidade que se mantém há cinco anos”.

Setores econômicos

No setor de serviços, houve uma melhora expressiva nas negociações salariais, com a elevação de 11% na proporção dos reajustes com ganho real.

O levantamento aponta que apenas a indústria apresentou recuo na quantidade de categorias com ganho real de salário, “ainda assim pouco expressivo”, de 88% em 2008 para 85% em 2009.

No comércio, o percentual de reajustes se manteve estável no patamar de 88% de negociações com ganho real.

Salário mínimo

Para Silvestre, a política de reajuste do salário mínimo teve efeito benéfico para “puxar os salários para cima”, nos setores de comércio e serviços. “Boa parte da categoria de comércio e serviços, cujos pisos são  referenciados no salário mínimo, é estimulada a elevar os pisos e reajustes”, analisa. “A política de salário mínimo, já em curso há alguns anos, foi decisiva em 2009, diante da crise econômica”, afirma o coordenador.

Sindicatos

O coordenador afirma que a ação dos sindicatos foi fundamental para o bom andamento das negociações em 2009. “Não só em 2009, mas antes, o sindicato já vinha agindo de forma a majorar o resultado das negociações salariais”, avalia.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, a movimentação das centrais contra a ação dos empresários que propunham demissões e retirada de direitos, impulsionou as categorias a aumentarem a mobilização por melhores acordos. “O balanço demonstra que quando trabalhadores estão mobilizados a partir dos sindicatos, conseguem contrariar intenções do setor patronal”, dispara.

Marcolino acredita num bom resultado das negociações também em 2010, uma vez que, ao que tudo indica, não “há risco de crise financeira mundial”.