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Grella falta a audiência sobre segurança pública em SP e grupo ocupa secretaria

Reunião para tratar de violência policial estava marcada havia dois meses. Secretário alega pauta 'desatualizada' e transforma debate em ato de protesto

Sem Fernando Grella, membros do Comitê Contra o Genocídio da População Negra transformaram o evento em protesto (Foto: Facebook do Comitê)

São Paulo – Cerca de 100 pessoas ocuparam na noite de ontem (19) a sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo em protesto pela ausência do titular da pasta, Fernando Grella Vieira, em audiência pública marcada para as 18h na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no largo São Francisco, centro da capital. O encontro serviria para que membros do Comitê Contra o Genocídio cobrassem investigações de homicídios cujas suspeitas recaem sobre policiais. A presença de Grella na audiência vinha sendo articulada pelo comitê havia pelo menos dois meses. Ontem, apenas o assessor dele, Eduardo Dias, compareceu.

Sem o titular da pasta, membros do coletivo tomaram o microfone e assumiram a organização do evento, transformando-o em ato de protesto. O secretário foi chamado de “covarde” e a secretaria foi acusada de conivência com supostos assassinatos cometidos por policiais no ano passado. Dias demonstrou nervosismo com a situação e tentou tomar a palavra algumas vezes, sem sucesso. Depois de quase uma hora de manifestações duras contra a secretaria e o governo do estado, ele deixou o auditório.

Ao mesmo tempo, o grupo que havia ido até a faculdade para participar da audiência, entre eles militantes das Mães de Maio que vivem na Baixada Aantista, decidiram ocupar a sede da SSP, distante alguns metros do local. Quando o grupo chegou ao prédio, aos gritos de “Justiça” e “Cadê o secretário?” muitos portando faixas e fotos de pessoas assassinadas supostamente pela ação de policiais, funcionários da secretaria tentaram fechar as portas, mas foram convencidos pelos manifestantes a liberar a entrada e evitar conflitos.

Lá, receberam a informação de que Grella Vieira não estava. Ainda assim, o grupo permaneceu no local por cerca de 30 minutos, continuando o protesto pelo “fim da violência contra a juventude negra, pobre e periférica”. Em memória dos jovens assassinados, algumas vítimas tiveram seus nomes lidos em voz alta. Durante a saída dos manifestantes, alguns policiais com metralhadoras em punho se posicionaram diante do prédio, mas não houve nenhum tipo de confronto.

Antes de deixar o auditório da Faculdade de Direito, Dias disse aos jornalistas que Grella estava reunido com o comando da PM e delegados da Polícia Civil e que desde a tarde da terça-feira anterior (12) os coordenadores do comitê sabiam que o secretário não iria à audiência.

A justificativa da ausência, segundo ele, é que um documento apresentado no dia 7 trazia reivindicações ainda de novembro, anteriores à nomeação de Grella para o cargo. “Aí a pauta caiu. Nesse documento de novembro pediam a cabeça do secretário e o secretário à época não é mais secretário. Nós vínhamos para esclarecer. Mandamos isso, falamos isso na terça-feira (12) antes da reunião do comitê e eu não sei o que foi dito nessa reunião à noite, mas na terça à tarde já se sabia que o secretário não viria”, justificou.

Douglas Belchior, membro do Comitê Contra o Genocídio, confirmou saber que o secretário faltaria à audiência marcada para ontem, mas ainda assim a agenda foi mantida. “Apesar do anúncio de que ele não viria, nós continuamos exigindo a presença dele porque foi uma construção com o movimento a partir de uma demanda social importante. O que importa é que o movimento convocou um agente do Estado, um cara que está a serviço da sociedade e ele deveria estar aqui”, afirmou.

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