Movimentos divergem sobre suspensão de ocupações em São Paulo

Prefeitura teria acordado com Ministério Público a suspensão de reintegrações de posse na cidade. Em troca, movimentos não fariam novas ocupações

Frente de Luta se comprometeu a não fazer novas ocupações. MMC diz que não há acordo (Foto: Danilo Ramos)

São Paulo – Lideranças dos movimentos de moradia afirmaram hoje (18) à RBA, que a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) firmou acordo na quarta-feira (16) com o Ministério Público para suspender as reintegrações de posse de 31 prédios, galpões e terrenos ocupados na cidade, alguns deles, com ordem de despejo expedida. A medida teria validade por pelo menos 60 dias, período no qual equipes da Sehab devem visitar os locais ocupados para verificar se eles tem condições de segurança. 

Em troca, alguns movimentos teriam se comprometido a não ocupar mais imóveis. “Estão suspensas as ocupações para a gente discutir essas”, afirmou o coordenador geral da Frente de Luta por Moradia (FLM), Osmar Borges. 

Na segunda-feira (14), a FLM já havia obtido a suspensão da ordem de reintegração de posse de um prédio na avenida Ipiranga, no centro da capital, depois de pedido da prefeitura. No local vivem 113 famílias e o despejo estava marcado para o dia seguinte. Borges avalia que com a medida adotada pela prefeitura os movimentos terão condição de “respirar”. “Não quer dizer que resolveu o problema, mas dá para respirar.”

Já o coordenador da Movimento de Moradia da Cidade de São Paulo (MMC), Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, afirmou que, apesar de compreender a necessidade de um tempo para que as reivindicações sejam atendidas pela prefeitura, não há acordo sobre não haver novas ocupações. “Eu não assinei acordo com ninguém, se tem com outros movimentos, nós do MMC, não participamos disso. Se amanhã tivermos de fazer uma ocupação, faremos e pronto. O movimento é independente”, afirma.

Gegê esteve ontem (17) pela primeira vez com o secretário municipal de Habitação, José Floriano de Azevedo Marques Neto, a quem entregou uma série de reivindicações. O secretário tem se reunido em separado com as lideranças de cada um dos movimentos de moradia da cidade antes de um encontro conjunto.

Entre as bandeiras comuns a todos os movimentos que atuam na cidade está a destinação de 25 mil unidades habitacionais aos sem-teto ligados aos movimentos. 

O prefeito Fernando Haddad (PT) prometeu, durante a campanha eleitoral, construir 55 mil unidades habitacionais. No entanto, afirmou que não pretende vincular a meta à segmentação entre população organizada e não organizada. 

A reportagem não obteve retorno das assessorias da prefeitura e do Ministério Público.