São Bernardo do Campo discute projeto de incinerador de lixo doméstico

Segundo a prefeitura, iniciativa promete melhorar coleta seletiva e gerar energia elétrica

São Paulo – Em São Bernardo do Campo, município do ABC paulista, cerca de 240 mil toneladas de resíduos sólidos são enviadas por ano para um aterro sanitário na cidade vizinha de Mauá, segundo dados da Fundação Seade, relativos a 2009. Para diminuir os custos com a coleta e o transporte dos resíduos e diminuir o impacto ambiental gerado pelo descarte, a prefeitura do município pretende construir o primeiro incinerador de lixo doméstico do Brasil.

O controverso projeto – que sofre resistência de catadores e cooperativas de reciclagem da região – faz parte do Plano Municipal de Resíduos Sólidos do município e surgiu a partir de uma medida judicial que ordenou que as prefeituras de São Bernardo e Diadema remediassem o problema ambiental causado pelo Lixão do Alvarenga, situado num bairro da periferia da cidade e onde se pretende construir a usina.

Segundo a prefeitura, a unidade terá capacidade para receber mil toneladas de resíduos domésticos por dia e gerar 30 megawatts/hora de energia elétrica, o que é suficiente para garantir o fornecimento para uma cidade de 300 mil habitantes. Segundo o último censo do IBGE, a população de São Bernardo é de 750  mil pessoas.

O secretário de Planejamento Urbano da cidade, Alfredo Buso, afirma que a Usina de Recuperação Energética, nome oficial do projeto, contém um projeto de reciclagem que pretende aumentar a coleta seletiva em 10%. No momento, essa reciclagem, feita por duas cooperativas de catadores, atinge menos de 1% da necessidade, segundo o secretário.

“Não é um processo que vai incinerar o lixo todo, vamos separar o lixo orgânico do não-orgânico e mais o que for reciclável. O que não puder ser reaproveitado será queimado ee gerará energia elétrica”, diz o secretário.

Ele ressalta que serão construídas centrais de reciclagem e ecopontos (locais onde os moradores podem depositar seus resíduos), com a participação de associações e cooperativas, e que a quantidade de catadores deverá ser aumentada para se atingir a meta inicial de 10% de coleta seletiva.

Estudos da prefeitura demostram que o custo da tonelada de lixo pode diminuir de 30 a 50% com esse processamento dos resíduos sólidos. Atualmente a cidade gasta mais de R$ 16 milhões por ano para descartar 750 toneladas de detritos por dia, segundo Buso.

A verba para a construção da usina, ainda segundo a prefeitura, será obtida de uma parceria público-privada (PPP) e da adesão do município a um programa da Organização das Nações Unidas (ONU) de recuperação de créditos de carbonos. Nesta sexta-feira (10), uma audiência pública na Câmara dos Vereadores vai discutir detalhes da PPP e do projeto.

No começo de 2011, a prefeitura pretende publicar o edital da licitação das obras. O processo inicial inclui a realização de um estudo de impacto ambiental e a remediação do Lixão do Alvarenga. As obras só devem começar no final do segundo semestre de 2011, e a usina só entrará em funcionamento em 2012.

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