Liberdade de imprensa?

Maioria dos assassinatos de comunicadores tem agentes públicos como suspeitos

Dados da organização Artigo 19 apontam que nas cidades pequenas, principalmente no Nordeste, número de casos de letalidade tem crescido, com blogueiros e radialistas entre as principais vítimas

Arquivo EBC/Reprodução

Relatório apresenta que em 54% dos casos de letalidade, políticos e policiais são suspeitos pela autoria do crime

São Paulo – Um relatório da organização não-governamental de direitos humanos Artigo 19, divulgado na quinta-feira (8), revela que, apesar da dimensão dos riscos que os comunicadores correm no Brasil ao exercerem sua profissão, a maioria dos casos de letalidade permanece sem reposta da Justiça. Com o intuito de dar visibilidade a estes índices e alertar para a impunidade, a entidade reuniu 22 casos de assassinatos, entre 2012 e 2016, para elaborar recomendações à imprensa e ao poder público.

Intitulado “Ciclo do silêncio: impunidade em homicídios de comunicadores”, o relatório destaca que a região Nordeste apresenta, desde 2015, o maior número de casos, principalmente no Maranhão. Nesse mesmo período, aumentaram os casos de mortes de blogueiros e radialistas, alterando o perfil mais comum que colocava os jornalistas tradicionais como principais vítimas.

A maioria dos comunicadores se dedicava à cobertura de política local ou à editoria policial, de acordo com o assessor de projeto do Programa de Proteção e Segurança da organização da Artigo 19, Thiago Fírbida. Em entrevista à repórter Ana Rosa Carrara, da Rádio Brasil Atual, ele destaca que agentes públicos, entre eles políticos e policiais, são os principais suspeitos pelas mortes. “Esse é um dos motivos pelos quais a gente enxerga que esse índice de impunidade também seja elevado. Muitas vezes essas figuras poderosas, que cometeram esses crimes, acabam tendo condições de interferir no processo de investigação”, afirma. 

Ouça a reportagem na íntegra:

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