Luta pela terra

No Pará, agricultores familiares pressionam Incra a cumprir acordo de desapropriação

Trabalhadores bloquearam BR-155, no interior do estado, também para protestar contra descaso do governo Temer em relação à reforma agrária

Arquivo EBC/Reprodução

Proprietário entrou com liminar na justiça pela reintegração de posse do terreno. Trabalhadores questionam negociação do Incra

São Paulo – Cerca de 500 famílias de trabalhadores da agricultura familiar interditaram, nessa segunda-feira (16), a rodovia BR-155, que liga as cidades de Redenção a Pau D ‘Arco, no interior do Pará. Segundo os líderes do protesto, a ação foi uma resposta ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pelo descumprimento do acordo verbal feito com os agricultores, que aguardam há 12 anos pela desapropriação de uma fazenda ocupada por reassentados. Os trabalhadores afirmaram que o ato também tinha como objetivo chamar a atenção para o descaso do governo federal com a promoção de políticas de reforma agrária.

A coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Pará (Fetraf), Viviane Oliveira, afirmou ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual, que o Incra, há muitos anos, negociava a desapropriação das áreas de Estrela do Maceió e Cristalino para fins de reforma agrária. No entanto, segundo ela, o governo Temer não cumpriu com os procedimentos e agora o proprietário entrou com um pedido de liminar na Justiça pela reintegração de posse do terreno.

“De uma hora para outra surge essa liminar de reintegração. Tudo isso por culpa de um governo que não tem interesse pela reforma agrária”, contesta Viviane, destacando o risco de se perder toda a produção local dos agricultores locais.

De acordo com os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Pará é o terceiro estado com maior quantidade de conflitos agrários no Brasil. Para a coordenadora da Fetraf, a paralisação nas políticas de reforma agrária pelo governo de Michel Temer podem implicar em um aumento nessa violência no campo e dos conflitos por terra.

A região de Pau D ‘Arco, por exemplo, é conhecida pelo massacre ocorrido em maio de 2017, no qual 10 trabalhadores rurais foram assassinados por policiais civis e militares, que alegavam cumprir mandados de prisão contra os ocupantes. No mês passado, o Superior Tribunal de Justiça decidiu libertar 15 policiais envolvidos no caso.

Ouça na íntegra a reportagem de Cosmo Silva: