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Parada LGBT restringe participação do movimento sindical

Apesar de o tema deste ano ser eleições, organização do evento criou dificuldades para a participação dos sindicatos. CUT critica a postura

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Organização do evento critica a pouca representatividade dos LGBTs nas esferas de tomada de decisão

São Paulo – Milhões de manifestantes são aguardados na 22ª Parada do Orgulho LGBT, que será realizada neste domingo (3) na Avenida Paulista. Apesar de o tema da edição deste ano ser Poder para LGBTI+, nosso voto, nossa voz, a ONG APOGLBT-SP, que organiza o evento, criou dificuldades para a participação do movimento sindical, a ponto de a CUT optar pela não participação na marcha.

Segundo a Secretaria de Políticas Sociais da CUT-SP, a associação que organiza a Parada condicionou a participação da central ao pagamento de uma taxa, que foi considerada abusiva pela entidade. A Secretaria vê, ainda, motivações políticas para esse posicionamento. 

“A atual gestão da Associação comprovou, com essa atitude, a que veio. Diz não querer um evento político, mas se esquece que a Parada é justamente um evento de caráter político, que sai às ruas para defender e garantir direitos a uma população que enfrenta muitos desafios no Brasil, que vão desde dificuldades no mundo do trabalho aos milhares de casos de violência e assassinatos. Eles não querem, na verdade, são as entidades de esquerda”, afirma a secretária de Políticas Sociais da CUT-SP, Kelly Domingos, em matéria publicada no site da entidade.

“A CUT-SP e seus sindicatos participam da Parada LGBT desde o início, chegando a emprestar equipamentos e veículos quando o evento ainda não recebia apoio do governo e de empresários”, explica a CUT-SP em outro trecho da reportagem. “Apesar de não estar presente no evento deste ano, a CUT-SP reafirma a sua luta contra a discriminação à população LGBT+, bandeira presente em sua trajetória. No mundo sindical, a entidade e seus sindicatos, por meio do Coletivo de Trabalhadores e Trabalhadoras LGBT, atuam na proposição de medidas que colaborem no combate às discriminações e à violência no mundo do trabalho”,

Contrassenso

Se por um lado a organização da Parada assume uma postura excludente em relação às entidades sindicais, por outro, faz um belo discurso em defesa da representação política dos LGBT. O texto de justificativa para a escolha do tema deste ano critica a pouca representatividade dos LGBTs nas esferas de tomada de decisão.

“O fato é que a nossa luta, mesmo tendo conseguido tantos avanços na sociedade civil, sofre constantes reveses e ameaças das bancadas conservadoras. É como se a cada passo pra frente, fôssemos empurrados dois passos pra trás. Temos um Congresso que é tido como o mais conservador desde 1964, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Precisamos mudar essa situação, e urgente”, informa o texto da APOGLBT-SP.

Anderson Pirota, dirigente do Sindicato, ressalta a importância de os bancários LGBT votarem, nas eleições deste ano, em candidatos progressistas, principalmente no atual contexto de golpe contra os direitos da classe trabalhadora.

“O bancário LGBT, assim como todos os trabalhadores, tem de olhar para o Legislativo e votar em candidatos comprometidos com as leis trabalhistas e de proteção à comunidade LGBT. É necessário ter leis que protejam toda a comunidade LGBT e todo trabalhador, visto que estamos vivendo um período de golpe. E está claro que o golpe foi para retirar direitos. Os primeiros a perder direitos trabalhistas e civis são os trabalhadores LGBT. Então, tem de votar em candidatos progressistas”, defende.

A concentração da Parada está marcada para as 10h, em frente ao Masp.

Com informações da CUT Nacional/SP Bancários

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