Mundaréu da Luz

Mais moradia, sem remoção: fórum apresenta projeto de urbanismo para a Cracolândia

Campos Elíseos Vivo reúne propostas que se contrapõem e humanizam plano Nova Luz, do ex-prefeito João Doria, que privilegia a especulação imobiliária e o lucro de empresários

mundareudaluz.org

Campos Elíseos Vivo foi elaborado por 20 entidades urbanistas, arquitetos, moradores do bairro e dependentes químicos

São Paulo – O Fórum aberto Mundaréu da Luz apresentou nessa terça-feira (29) o projeto Campos Elíseos Vivo, uma proposta de intervenção urbanística e social para a chamada região da cracolândia, no centro de São Paulo. O projeto visa fazer com que as mudanças sejam menos traumáticas para as famílias e que ninguém seja levado para longe do centro.

O Campos Elíseos Vivo foi elaborado por 20 entidades urbanistas, arquitetos, moradores do bairro e dependentes químicos, com o objetivo de que as pessoas permaneçam onde estão até que as novas moradias fiquem prontas – ao contrário do que propôs o ex-prefeito João Doria com o programa Nova Luz, que chegou a despejar 200 famílias

“A gente propõe que a população não seja removida das moradias atuais antes que tenha uma solução adequada e definitiva para ela. A gente levantou imóveis que estão vazios ou subutilizados e onde pode haver habitação sem haver as demolições e as remoções que estão sendo propostas”, explica Danielle Klintowitz, coordenadora geral do Instituto Polis.

Anderson Lopes Miranda, representante do Movimento da População de Rua, acha importante uma proposta em que os moradores foram ouvidos e ainda podem sonhar em morar no centro da cidade. “Você não pode tirar as pessoas do Centro e jogar para outro bairro, onde elas não têm um vínculo. Eu acho que esse projeto traz uma boa construção ouvindo as pessoas. Tudo está no centro, então para essa população mais carente o centro é fundamental”, afirma

Os dependentes químicos na Cracolândia também foram ouvidos e contemplados. A proposta é uma retomada da política de redução de danos, como era feito pelo programa de Braços Abertos do ex-prefeito Fernando Haddad. Ela prevê também a criação de moradias terapêuticas.

“Todo nosso projeto tem um custo total, ao longo de 20 anos, de 450 milhões (de reais). Na sua primeira fase, que é para atender famílias que estejam ameaçadas de remoção, seriam gastos apenas 115 milhões, o que é menos de 10% dos recursos do Fundurb (Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano)”, detalha a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) Raquel Rolnik.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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