50 anos

No dia do aniversário, Metrô tem linha fechada por pane e prejudica usuários

Linha 1-Azul em São Paulo ficou fechada por duas horas e as linhas 3-Vermelha e 2-Verde tiveram a velocidade reduzida e acesso restrito às estações. Linha 15-Prata tem quatro estações fechadas

Nelson Antoine/Folhapress

Estações do Metrô paulistano permaneceram fechadas por, pelo menos, duas horas nesta terça, em decorrência de pane elétrica

São Paulo – No dia em que a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) completa 50 anos, uma pane elétrica paralisou a Linha 1-Azul (Jabaquara/Tucuruvi) entre 9h e 11h desta terça-feira (24). Todas as estações foram fechadas, e foi acionado o sistema de ônibus de emergência (Paese) para atendimento à população. As linhas 3-Vermelha (Corinthians-Itaquera/Palmeiras-Barra Funda) e 2-Verde (Vila Prudente/Vila Madalena) tiveram a velocidade reduzida. O acesso dos passageiros às estações foi restringido. As estações começaram a ser reabertas às 10h15.

Inicialmente, o Metrô justificou o problema como falta de energia. Mas trabalhadores da companhia, que pediram para não ser identificados, disseram à RBA que o problema teve origem em um sete dos retificadores da linha 1, que sofreu pane e desligou. Esses sistemas foram instalados para ampliar a capacidade de energia da rede, que foi demandando cada vez mais eletricidade com os avanços tecnológicos, novos sistemas e trens e itens como ar-condicionado. O sistema de retificadores foi adquirido da Siemens por R$ 140 milhões, mas não está completo e ficou cinco anos parado. 

Além disso, os investimentos em recapacitação e modernização foram severamente reduzidos nos últimos anos. Na linha 1, os investimentos caíram de R$ 283 milhões, no biênio 2013/2014, para R$ 240 milhões, em 2015/2016. A situação é ainda pior nas demais linhas. No total, o governo Alckmin reduziu a totalidade de investimento desse tipo em 46%, indo de R$ 811 milhões para R$ 433 milhões, no mesmo período citado. Os dados foram levantados pela liderança do PT na Assembleia Legislativa. 

Além do problema na Linha 1, com reflexos nas linhas 2 e 3, a Linha 15-Prata (Vila Prudente/Vila União) está com quatro estações fechadas desde ontem (23) por uma falha em equipamento de via. Inauguradas pelo ex-governador e pré-candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) no último dia 6, as estações São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União não têm previsão de serem reabertas para operação assistida (funcionando das 9h às 15h). As estações estão inacabadas, com problemas no piso, na sinalização e de acessibilidade.

Iniciada em 2009, a linha só teve as duas primeiras estações inauguradas em 2014, com dois anos de atraso. Enquanto a obra avançou lentamente, o orçamento mais do que triplicou. De 2009 a 2016 o orçamento foi revisto de R$ 2,3 bilhões para R$ 7,1 bilhões, um acréscimo de 208%. Além disso, a previsão era de que o monotrilho transportasse 550 mil passageiros por dia, mas, em outubro de 2016, carregou, em média, 5.200 pessoas por dia, ou 1% da demanda estimada. Com isso, 16 das 20 composições compradas para operar no trecho ficam paradas no pátio.

Réus

O problema de trens parados é recorrente no Metrô. E, na semana passada, levou seis ex-presidentes da companhia para o banco dos réus. Eles responderão por improbidade administrativa pela compra de 26 trens para a linha 5-Lilás (Capão Redondo-Chácara Klabin) em 2011, quando ainda não havia condições de uso para as composições. Como a RBA mostrou em abril de 2016, os trens ficaram parados em desvios no trajeto, deteriorando e expostos a intempéries por, pelo menos, quatro anos. As composições foram adquiridas por R$ 630 milhões.

Entre os problemas na aquisição, o trecho da linha em funcionamento era curto e não comportava a operação de mais composições – a primeira estação da ampliação do trecho foi Adolfo Pinheiro, inaugurada somente em 2014, e as demais foram abertas entre o final do ano passado e a primeira semana de abril deste ano. Além disso, a bitola (espaço entre as rodas) dos trens é diferente da bitola da via férrea de todo o sistema do Metrô. E o sistema operacional dos trens novos é incompatível com o da via.

Vão responder à Justiça o atual secretário de Transportes do governo paulista, Clodoaldo Pelissioni, e o chefe de gabinete da prefeitura de São Paulo, Sergio Avelleda, que foi secretário de Mobilidade e Transportes na gestão de João Doria. Ambos já foram presidentes do Metrô. Também constam como réus Jurandir Fernandes, ex-secretário dos Transportes Metropolitanos; Laércio Mauro Biazotti, ex-diretor de planejamento do Metrô; David Turbuk, ex-gerente de concepção e projetos de sistemas no Metrô; e Jorge José Fagali, Peter Berkely Bardram Walker, Luiz Antonio Carvalho Pacheco e Paulo Menezes Figueiredo, todos presidentes da companhia entre 2008 e 2015.

Em nota, o Metrô disse ter havido uma ação orquestrada para paralisar a linha e prejudicar a comemoração dos 50 anos da empresa. “Nesta terça-feira – dia e horário do evento de celebração dos 50 anos do Metrô de São Paulo – uma série de atuações indevidas e não autorizadas de equipamentos de emergência das estações provocaram a desenergização da linha 1-Azul. Em consequência, a circulação de trens da Linha 1 ficou paralisada entre 8h50 e 10h17. Os reflexos dessa ação deliberada também foram sentidos nas linhas 2 e 3, que operaram com velocidade reduzida durante o período da ocorrência”.

 

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