7º dia

‘Marielle e Anderson representam todos que defendem a dignidade da vida’, diz frei

Religiosos lembraram do 'coração franciscano' da vereadora e de sua luta contra a desigualdade social e a injustiça em cerimônia pelo sétimo dia de sua morte

Divulgação/Psol

Presente: mulheres garantem que voz de Marielle vai seguir ecoando

São Paulo – Em cerimônia religiosa que marcou o sétimo dia da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, realizada nesta terça-feira (20) no Santuário São Francisco em São Paulo, o frei Fidêncio Vanboemmel afirmou que rezar por eles é também uma forma de manifestar solidariedade e pedir por todos aqueles que sofrem por diferentes formas de violência e opressão. “Marielle e Anderson devem ser lidos no plural, representando todas as pessoas que defendem a dignidade da vida, os direitos e a Justiça”, disse o religioso durante a missa de sétimo.

Ele ressaltou que Marielle e Anderson foram vítimas de “estúpida violência” e pediu por um mundo onde “a paz que nasce da justiça” e sirva de amparo aos corações aflitos. “Sete dias depois aqui estamos teimosamente animados pelo espírito do ressuscitado.”

O frei destacou que vivemos tempos difíceis, e que o povo deve redimensionar o seu olhar “para aquilo que é duradouro” e ficar atento para não abrir a retaguarda para “serpentes venenosas” do egoísmo, da mentira e da intolerância religiosa. Ele também afirmou que o atual momento é marcado por uma “linguagem confusa” de uma “comunicação dispersiva”, e as “fake news” que servem para caluniar as pessoas são “a Torre de Babel dos nossos tempos”.

Citando o papa Francisco, os religiosos apelaram ao fim do comércio mundial de armas. Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua lembrou que Marielle foi catequista durante a juventude, de “coração franciscano”, e atuava como “grande lutadora contra as injustiças”.

“Nossa luta não é com armas, é a luta da resistência, da força e da coragem. Não vamos retribuir com armas, mas pela força da nossa palavra. Sim para a verdade, e não à impostura e à injustiça”, disse o padre. Perto do fim celebração, ele chamou todas as mulheres negras para subirem ao altar. “Todas são Marielle.”

“Nós, mulheres negras, não nos calaremos. A voz da Marielle vai continuar ecoando”, disse uma delas, e em coro, lembraram das vítimas. “Marielle, presente. Anderson, presente. Hoje e sempre.” Frei David, que também preside a ONG Educafro, condenou a corrupção que se desdobra em violência e pediu à classe política mais investimentos públicos nas “Marielles” de todo o Brasil.

Na saída da igreja, Lenira Machado, do coletivo Linhas do Horizonte, de mulheres “que bordam pela justiça”, estendia faixa com os dizeres “não ao Estado polícia. Sim à democracia.”

Também nesta terça-feira (20) estão previstos manifestações em memória de Marielle e Anderson. No Rio de Janeiro, as homenagens devem ocorrer a partir das 17h, em frente à Igreja da Candelária, no centro da cidade. Na sequência, às 19h, os participantes realizam ato inter-religioso na Cinelândia, também na região central. Em São Paulo, o ato será no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, região central da cidade, a partir das 17h. 

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