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Chefe da Agência Brasil é demitido por matéria que desagradou Temer e Alckmin

Texto relatava que, em pleno verão, o reservatório da Cantareira apresenta os mesmos níveis da fase anterior do início da crise hídrica, de quatro anos atrás

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EBC fechou contrato no valor de R$ 1,8 milhão com a Agência Nacional de Águas (ANA)

São Paulo – O chefe da Agência Brasil em São Paulo, Décio Trujilo, foi demitido após uma reportagem de sua equipe ter desagradado a Agência Nacional de Águas (ANA) e o secretário de Recursos Hídricos do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)

Desde janeiro, por força de um contrato no valor de R$ 1,8 milhão firmado com a ANA, EBC vem produzindo matérias positivas ao Fórum Mundial da Água – evento que será realizado em março, em Brasília. Essa negociação fere o caráter público da Agência Brasil, que deveria ter independência editorial. 

A demissão de Trujilo foi pela reportagem “Apesar de obras, São Paulo ainda precisa de chuva para evitar nova crise hídrica”. De acordo uma carta aberta da Comissão dos empregados da EBC e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a abordagem desagradou ao presidente do Conselho Mundial da Água – órgão organizador do fórum –, Benedito Braga, também secretário de Recursos Hídricos de Alckmin.

A matéria relatava que, em pleno verão, o reservatório da Cantareira apresenta os mesmos níveis da fase anterior do início da crise hídrica, de quatro anos atrás. Décio foi demitido após reclamações formais de assessores do Fórum Mundial da Água.

Segundo reportagem do Poder 360, alguns jornalistas se recusaram a cobrir o fórum. Uma mensagem enviada pelo gerente executivo da Agência Brasil, Alberto Coura, ao grupo “Alerta NBR” solicita uma conversa com o diretor de Jornalismo da EBC, Lourival Antonio de Macêdo. “(Eles) Alegam que não trabalham em empresa comercial e que não foram contratados para fazer “matérias pagas”. Esta rebeldia ser fortemente logo no início do Fórum. O que deveremos fazer?

arquivo pessoal
O jornalista Decio Trujilo, demitido da EBC em São Paulo

A carta aberta publicada pelos funcionários do veículo diz que os “jornalistas pedem que, pelo menos, seja sinalizado ao leitor de que se tratam de conteúdos pagos e com aprovação prévia de um “cliente”, além disso que seja facultado aos repórteres assinar, ou não, a reportagem”. 

O ambiente de censura e perseguição nos veículos públicos da EBC não é novidade. Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), assédio moral e advertências são uma constante nas práticas jornalísticas de chefes comissionados do governo de Michel Temer para intimidar jornalistas a exercerem seus direitos garantidos por documentos como o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, o Manual de Jornalismo da empresa, além da lei de criação da EBC e da própria Constituição Federal”, acrescenta a nota.