furor privatista

Pré-carnaval mostrou que Linha Amarela não encara imprevistos em SP

Caos no sábado (3) em função do excesso de pessoas no Largo da Batata, na zona oeste da capital paulista, revelou que lógica da privatização está longe de ser modelo para o metrô, avaliam metroviários

reprodução/facebook/josé nery da costa

Concessionária que administra a Linha 4-Amarela fechou estações por excesso de passageiros no último fim de semana

São Paulo – “A imprensa responsabilizou o metrô e os metroviários pelo caos do último fim de semana (…) Nem sequer citaram nas reportagens que os problemas foram na Linha 4 – Amarela, que é privatizada”, disse o coordenador-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Wagner Fajardo. A direção da entidade deu hoje (7) entrevista coletiva para esclarecer alguns pontos sobre os problemas reportados no sistema metroviário durante o pré-carnaval paulistano.

Foi no sábado (3), primeiro dia oficial do carnaval de rua de São Paulo, que os principais problemas apareceram. Estações fechadas e usuários nos trilhos na Linha 4-Amarela, que é controlada pelo consórcio privado ViaQuatro, pertencente à CCR. “Eles operam a linha há oito anos. Estamos aqui para denunciar essa postura do verdadeiro partido da imprensa golpista (PIG) que temos no país. Se comportam como verdadeiros partidos”, disse Fajardo.

“Nossa interpretação é que a grande mídia está completamente comprometida com a lógica da privatização e com a lógica de que o público é ruim e o privado é bom. Sabemos que isso é o contrário, portanto, entendemos que essa postura existe por problemas ideológicos e políticos. São extremamente tendenciosos”, continuou Fajardo, que entende a postura, mas que “ser favorável às privatizações não os autoriza a mentir e não os autoriza a divulgar inverdades sobre a empresa pública”.

Os fatos

A ViaQuatro informa que o fechamento momentâneo de estações foi necessário para o controle do fluxo dos passageiros. O sindicato culpa a lógica da privatização da linha pelo sufoco dos passageiros. “A Linha 4 não tem funcionários suficientes para atender emergências. O sistema não foi preparado para receber o número de foliões”, disse. “Então, eles simplesmente fecharam seus portões. Deixaram de prestar o serviço, incluindo as estações de transferência”, completou Fajardo.

Para o operador de trem Alex Santana, que trabalha na Linha 3-Vermelha, a ausência de funcionários para aumentar os lucros da empresa privada foi fator fundamental no problema. “O fato de acionarem o botão de emergência acontece também na Linha 3, que é a com o maior número de usuários. Mas temos funcionários de estação, seguranças e operadores de trem, não só nas cabines, mas nas plataformas, para atuarem nas falhas”, disse.

“Em uma situação como essa, um ou mais funcionários normalizam a situação e atendem os usuários. Mesmo com falhas mais graves, adotamos estratégias para manter o serviço. Na Linha 4, eles fecham as estações e deixam os usuários de lado. Conversamos com funcionários de lá e fomos informados que, por vezes, um só segurança fica até seis horas em pé no mesmo trem, para ver o tamanho da precarização que traz a linha privatizada”, completou.

Fajardo reiterou a fala de Santana e argumentou sobre a diferença na lógica funcional entre público e privado. Um procura atender o usuário, o outro tenta obter o maior lucro possível. “O compromisso deles não é com a população. Eles fecham as portas sem nenhum prejuízo. No contrato deles existe o mínimo de usuários para transportar. Tem uma margem ampla que eles podem deixar de atender, porque mesmo fechando as portas, eles continuam recebendo”, disse.

Problemas futuros

Fajardo teme que o problema volte a se repetir na Linha 4 durante os dias de carnaval, na próxima semana. Além disso, o medo atinge o cotidiano. A empresa responsável pela Linha 4, a CCR, fechou contrato no último dia 19 de concessão da Linha 5 – Lilás, que está em expansão e pode se tornar tão grande em volume de passageiros quanto a Linha 3-Vermelha.

“Com a licitação feita de forma tendenciosa, com cartas marcadas, temos certeza que essa mesma regra vai funcionar para a Linha 5, uma linha estratégica”, disse em referência à gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), no governo do estado. “Na Linha 5, o que o metrô gastou no sistema de sinalização para entregar para o setor privado, é um sistema que vai permitir que o metro da Linha 5 funcione também sem o operador de trem. É uma situação grave. Eles, para economizarem, vão colocar novamente a população em risco.”

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