na rua

Famílias continuam sem ter para onde ir após reintegração de terreno em SP

Moradores da Ocupação Leopoldina, na zona leste, que foi destruída na última terça-feira, reclamam da falta de assistência do poder público

Sigmapress/Folhapress

“Simplesmente derrubaram as casas e foram embora”, diz morador da ocupação Leopoldina, na zona Leste

São Paulo – Famílias que viviam na Ocupação Leopoldina continuam desabrigadas após terem suas casas destruídas durante reintegração de posse realizada na terça-feira (3), em um terreno na Estrada do Iguatemi, região de Itaquera, zona leste de São Paulo.

De acordo com o morador Fabiano Paulo, as cerca de 120 famílias foram “jogadas na rua” sem qualquer assistência do poder público. A reintegração foi realizada em operação com Polícia Militar, bombeiros, oficiais de Justiça. Todas as casas foram destruídas por tratores da prefeitura. “Simplesmente derrubaram as casas e foram embora. Nem os móveis levaram para algum galpão. Teve casa derrubada com as coisas dentro”, relatou à repórter Nahama Nunes, da Rádio Brasil Atual

Samuel Firmino, um dos líderes da ocupação, conta que moradores que não tiveram para onde ir passaram as duas últimas noites na rua em volta de uma fogueira. “Chorei bastante, porque não tinha onde colocar essas pessoas. Ontem à noite, ficaram três pessoas ainda sem ter para onde ir.”

Anderson Anunciato, outro líder do movimento, diz que “dói a alma” ver tanta gente precisando de ajuda e critica a falta de amparo das esferas de governo. “O governo só pensa no próprio umbigo. Rouba para as suas famílias e para o próprio bolso.” 

A advogada Kátia Aires Ferreira, que defende as famílias, vê irregularidades no processo e afirma que vai recorrer da decisão. Segundo ela, cabe, até mesmo, indenização às famílias pelo despejo irregular, já que, o autor da ação não conseguiu provar, na Justiça, ser o verdadeiro proprietário do terreno.

“A gente perdeu a batalha, mas não a guerra. O processo vai continuar. A gente vai tentar trabalhar para que, se vier uma sentença favorável a eles, a gente vai entrar com ação de regresso. A indenização é, sim, devida”, diz a advogada.