Olhar infantil

Crianças do centro de São Paulo e São Bernardo: vida que pulsa nas ocupações

Enquanto na Ocupação Mauá, no centro da capital paulista, o sonho é permanecer num lugar que já tem a sua cara e a sua rotina, na Povo sem Medo, no ABC, o desejo de recomeçar a vida num novo lar ainda engatinha

Geyse Santa Brígida e MTST

Na Mauá, crianças veem o local como sua casa; como querem ver as que fazem da Povo sem Medo seu sonho de lar

São Paulo – As crianças são sempre um elo mais frágil da sociedade e não é diferente nas ações de luta por moradia. Na ocupação Mauá, no centro de São Paulo, há 186 crianças com idade entre 0 e 14 anos, a maioria nascida ali mesmo, considerando que a ocupação já existe há 10 anos. Nenhuma data comemorativa costuma passar em branco e o Dia das Crianças (12) não foi diferente, celebrado com lanches e brincadeiras.

Como mostra reportagem da TVT, as crianças que ali vivem acompanham de perto a luta dos pais, se preocupam com o futuro de todos moradores do local e, mais do que isso, se sentem em casa.

“Aqui é onde a gente pode viver, onde a gente tem carinho, onde a gente é feliz. Pra mim aqui não é uma ocupação, é uma casa”, diz a pequena Maria Eloisa da Paz.

“Aqui é bom de morar porque têm muitas pessoas, têm amigos”, afirma Alex Pedro da Conceição, para logo em seguida também demonstrar firmeza com a realidade. “Muita gente quer nos tirar, mas nós não vamos sair. Só se nos tirarem à força, porque a gente não vai sair.”

Para manter as crianças entretidas, os coordenadores da Mauá organizam atividades no pátio do prédio todos os sábados.

“Aqui eles têm aula de capoeira, de judo, agora começou de muay-thai e tem alfabetização”, explica Silmara Congo da Costa, uma das coordenadoras da ocupação. A ideia, ela explica, é envolver as crianças com atividades dentro do prédio para não ficarem “soltas na rua”.

As crianças são também uma face visível na ocupação Povo sem Medo, em São Bernardo do Campo, onde cerca de 7 mil famílias ocuparam, há cerca de um mês, uma área em torno de 60 mil metros quadrados que estava abandonada há mais de 30 anos. São elas as protagonistas desta vídeo-reportagem do coletivo Jornalistas Livres.