anos de chumbo

PUC faz semana de atividades para lembrar 40 anos da invasão por forças da ditadura

Durante toda a semana, atividades acadêmicas e culturais marcam a data. Na sexta, dia que marca a invasão, ocorrerá a diplomação simbólica de cinco estudantes assassinados pela ditadura

Memorial da Democracia

Estudantes se reúnem em frente ao Tuca momentos antes da invasão pela polícia

São Paulo – Há 40 anos, no dia 22 de setembro de 1977, durante a ditadura civil-militar, 3 mil policiais civis e militares, com apoio de carros blindados, invadiram o campus da PUC-SP, na zona oeste de São Paulo. Professores, alunos e funcionários foram perseguidos e espancados. 

Para resgatar a memória desse período, a universidade realiza durante toda a semana uma série de atividades, com palestras, debates e ações culturais, que também visam a reafirmar a autonomia das universidades e a inviolabilidade dos campi, e fazer a defesa da democracia e dos direitos humanos contra todas as formas de repressão e censura.

Na véspera da invasão, a ditadura tinha impedido alunos de universidades de todo o país de realizar o 3º Encontro Nacional dos Estudantes, com cerco aos estudantes da USP e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que pretendiam reorganizar a União Nacional dos Estudantes (UNE), desarticulada pelos militares em 1968. 

Os alunos da PUC estavam, então, reunidos na frente do Tuca, o teatro da universidade, e foram surpreendidos com a chegada das tropas comandadas pelo então secretário da Segurança Pública de São Paulo, Coronel Erasmo Dias que, aos jornalistas, mostrou logo que se tratava de um ato de exceção da ditadura: “É proibido falar. Só quem fala aqui sou eu”. 

A tropa investiu com violência e lançou bombas contra os estudantes que tentaram se refugiar dentro da universidade. Os soldados invadiram o campus,  arrombaram as portas das salas, prenderam e espancaram professores, funcionários e alunos. 

“Quando as tropas vieram, eles encurralaram essas pessoas todas para a rampa da PUC. Então as pessoas foram obrigadas a descer. Jogaram bombas de gás lacrimogêneo. Três estudantes foram machucadas, uma inclusive era minha colega. Eles correram para dentro da PUC, em todos os andares. Nós corremos aqui para a varanda do chamado prédio novo e aí vimos a desgraça que era aquele bando de estudantes descendo a ladeira correndo, gente caindo, bomba estourando. A gente pedia em coro, todo mundo: ‘calma, calma’”, relata Ana Bock, estudante à época e hoje professora da própria universidade. 

Seis estudantes sofreram queimaduras e 700 foram presos. Desses, 37 foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional, o instrumento jurídico usado pelo regime militar para perseguir adversários.

Na sexta-feira (22), no exato dia que marca os 40 anos da invasão, ocorrerá a diplomação simbólica dos cinco estudantes da PUC assassinados durante a ditadura.

“Na sexta feira, que foi o dia da invasão, vamos fazer uma invasão aqui também. Vai ser uma invasão cultural, com música, depoimentos, manifestações culturais das mais diversas. Vamos tomar conta do espaço relembrando aquele momento, mas também colocando as questões atuais”, ressalta o professor de Relações Internacionais Reginaldo Nasser, em entrevista ao repórter André Gianocari, para o Seu Jornal, da TVT

A programação completa da semana que marca os 40 anos da invasão da PUC você confere aqui.