Concentração

Intervozes e Repórteres sem Fronteiras mapeiam os donos da mídia no Brasil

Em quatro meses, grupo de especialistas pretende divulgar dados dos 40 maiores grupos de mídia do país. Controle dos grandes grupos impede a livre circulação de ideias

Vini Oliveira

Mídia comercial obstrui discussão de agenda de direitos

São Paulo – Em mais uma etapa na luta pela democratização dos meios de comunicação, no Brasil, a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) e o coletivo Intervozes lançaram na última semana, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a versão brasileira do Media Ownership Monitor (MOM), iniciativa que pretende mapear quem são os proprietários da mídia no país. 

A pesquisa terá quatro meses de duração e culminará na divulgação de dados dos 40 maiores grupos de mídia do país. Apesar de o foco ser nos grandes grupos, há uma preocupação de abarcar também a questão das disparidades regionais. O levantamento MOM já foi realizado em outros 10 países – como Colômbia, Peru e Turquia – e em 2017, além do Brasil, alcança outros três.

“É fundamental a gente ter um levantamento de dados disponível para toda a população, com um fácil acesso, sobre quem são os donos da mídia, quem controla a mídia, que é a pergunta que essa pesquisa quer responder. Sem isso, a gente continua impossibilitado de fazer esse debate público sobre os danos da monopolização da comunicação no Brasil”, afirmou André Pasti, do coletivo Intervozes, em entrevista à repórter Clara Araújo, para o Seu Jornal, da TVT

“Não há democratização da sociedade sem democratização da mídia. Uma coisa está estritamente atrelada a outra. Para democratizar a sociedade, a gente precisa primeiro conhecer a mídia que temos para poder discutir como vamos democratizá-la”, ressalta a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Suzy Santos, que também integra o conselho de especialistas do MOM no Brasil. 

Com grande parte dos meios concentrados nas mãos de um pequeno grupo de proprietários, esses mesmos grupos exercem controle desproporcional sobre o debate público, definindo que temas e pontos de vistas merecem ser discutidos ou escondidos.

A gente não consegue discutir uma cidade mais democrática porque não é essa a agenda desses agentes midiáticos. A gente não consegue discutir saúde para todos, o direito a saúde, por exemplo. A gente não tem uma diversidade de posições efetivamente circulando. Toda a agenda de direitos, toda agenda de avanços que a gente possa pensar para o Brasil, passa por ter a possibilidade de ter um debate amplo sobre esses assuntos. A gente só vai conseguir isso com uma mídia mais democrática”, diz Pasti.

Assista à reportagem do Seu Jornal:

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