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Gestão Doria transforma Assistência Social em caridade, denunciam trabalhadores do setor

Cortes e demissões na secretaria comprometem atendimento aos mais vulneráveis, justamente quando a crise econômica e social se agrava, demandando mais atenção

reprodução/TVT

Gestão Doria trata mais vulneráveis “não como sujeitos de direitos, mas como pessoas que merecem favor”

São Paulo – Trabalhadores da Assistência Social da cidade de São Paulo denunciaram em audiência pública na Câmara Municipal nesta terça-feira (27) que a gestão Doria promove um desmonte no setor, com cortes e demissões, e confunde políticas públicas com caridade. Desde a década de 1990, assistência social deixou de ser tratada como caridade e assistencialismo para se tornar política pública.

O desmonte ocorre justamente quando as demandas aumentam, por conta da crise econômica e social que afeta o país e também a cidade. Atendimento a dependentes químicos, pessoas com deficiência, moradores em situação de rua, mulheres vítimas de violência doméstica, acolhimento de crianças e idosos são algumas das atribuições da pasta que correm risco. 

O economista Odilon Guedes analisou o orçamento da prefeitura e concluiu que houve corte de cerca de R$ 130 milhões nos repasses para a secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), durante a gestão Dória, o que representa redução de 25% dos recursos da pasta, justamente “nesse momento que a área da assistência social precisa ter mais dinheiro para ser a contrapartida do que a crise está fazendo”, frisou.

Segundo a vereadora Juliana Cardoso, a atual gestão pretende reformular as ações do setor, mas está fechada ao diálogo com os seus profissionais. “Estão discutindo uma reestruturação da assistência social, só que sem dialogar com os trabalhadores, com as entidades que fazem o trabalho”, destacou a vereadora, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT

Já Ricardo de Lima, que integra Conselho Municipal de Assistência Social (Comas), denunciou a demissão de 90 trabalhadores comissionados, que eram responsáveis por pensar as políticas públicas do setor e que não devem ser substituídos. 

A servidora Keli de Oliveira, que trabalha num centro de acolhimento para mulheres diz que os cortes já impactam no atendimento. “A vida vai piorando. As mulheres precisam comer, os filhos precisam comer, precisam morar. A gente está sentindo na pele. As mulheres que a gente atende têm sentido na pele.”

“Nós estamos vivendo esse retrocesso na cidade de São Paulo. Uma gestão patrimonialista, que se apropria do público e que trata os vulnerabilizados, aqueles que o sistema excluiu e que não foram atendidos pelo conjunto das políticas, não como sujeitos de direitos, mas como pessoas que merecem favor”, declarou Alan Carvalho, do Fórum de Trabalhadores do SUS. 

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