Militantes em defesa de Lula sofrem ataque, e dois ficam feridos
Um adulto sofreu queimaduras e uma criança foi atingida no olho por estilhaços de um morteiro em ataque a acampamento na madrugada
Publicado 10/05/2017 - 18h34
São Paulo – Participantes de caravanas que saíram de diversas cidades do país rumo a Curitiba para organizar o Acampamento pela Democracia e acompanhar o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro pela Operação Lava Jato foram hostilizados por grupos contrários ao presidente, sofrendo ataques com rojões e apreensão de utensílios utilizados nos acampamentos.
Na manhã de desta quarta-feira (10), pouco depois de o ex-presidente chegar ao Hotel Pestana, onde está hospedado, um carro passou em frente ao prédio e soltou um rojão em direção ao chão, o que assustou hóspedes e transeuntes, de acordo com a vereadora paulistana Juliana Cardoso (PT), que está na cidade. Ninguém se feriu.
Durante a madrugada, por volta da 1h30, foguetes foram lançados contra o acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Duas pessoas ficaram feridas: um adulto com queimaduras e uma criança atingida no olho por estilhaços de um morteiro. “O ataque, mais do que demonstrar uma aversão à democracia, reforça a ideia de intolerância e métodos violentos utilizados por grupos isolados que se opõe à agenda de manifestações pacíficas que acontecem em Curitiba desde a manhã desta terça-feira”, disse a Frente Brasil Popular, em nota.
A organização, que congrega diversos movimentos sociais do país, condenou os ataques, reforçou o caráter pacífico das mobilizações e afirmou que aguarda que as autoridades, “que movimentaram todo o aparato público de segurança para atividades da jornada pela democracia”, investiguem o caso e punam os responsáveis.
“Ao contrário do que propagaram determinados setores da sociedade, o clima das manifestações é de paz, alegria e disposição para defender um estado democrático de direito que garanta direitos sociais. Na pauta de todas as atividades estão a defesa da aposentadoria e dos direitos trabalhistas, temas que interessam toda a sociedade. Uma agenda programática e concreta”, diz o texto.
“Membros da direita curitibana se viram no direito de vir aqui atacar o acampamento com bombas e rojões, que foram jogados contra barracas de plástico sem a menor preocupação com o que poderia acontecer”, disse um dos responsáveis pelo acampamento, que se identificou apenas como Fernando. “Sou curitibano, nascido e criado nesta cidade que sempre se orgulhou de ser uma terra de gente branca e honesta, com várias presunções de superioridade. O que tem de superior em uma pessoa sair da sua casa de madrugada e na calada da noite atacar pessoas em barraca de plástico que estão dando o melhor de si com o objetivo de defender direitos, inclusive o deles?”
Na tarde de ontem (9), antes de chegar à cidade, pelo menos 20 ônibus da caravana foram parados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que apreendeu em um dos veículos uma faca de cozinha e uma enxada, utensílios necessários às cozinhas e à instalação da estrutura para alimentação no acampamento.
“Reafirmamos novamente o caráter pacífico e organizado da vinda de movimentos sociais a Curitiba – tanto que as caravanas se dispuseram integralmente à revista, que atrasou em cerca de duas horas as atividades na capital”, diz outra nota da Frente Brasil Popular. “As atividades culturais e políticas do primeiro dia do Acampamento pela Democracia comprovam o caráter pacífico e organizado do evento.”
“Eles não atingiram nem de longe o objetivo deles. O povo está no acampamento cada vez mais animado. Hoje vai ser uma dia de festa”, disse Fernando ao coletivo Jornalistas Livres.