caso Habib's

Justiça autoriza exumação do corpo do adolescente João Victor

Jovem morreu após embate com seguranças do Habib’s da Vila Nova Cachoeirinha. Laudo do IML acusou uso de entorpecentes, mas família contesta documento

Newton Menezes/Futura Press/Folhapress

João Victor morreu de parada cardiorrespiratória. IML fala em uso de drogas; família, em agressão

São Paulo – A juíza Flavia Castellar Oliverio, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Santana, zona norte da capital paulista, aceitou o pedido de exumação do corpo do garoto João Victor Souza de Carvalho, de 13 anos, morto em 26 de fevereiro, após confusão com funcionários da lanchonete Habib’s da Vila Nova Cachoeirinha, também na zona norte. O pedido foi feito pela equipe de investigação do 28º Distrito Policial (Freguesia do Ó), por conta da contestação da família do jovem ao laudo do Instituto Médico Legal (IML), que apontou como causa da morte um infarto decorrente do uso de entorpecentes.  Peritos contratados pela família apontam erros no documento.

A família do jovem defende que ele morreu vítima de agressões dos funcionários da lanchonete. Um vídeo das câmaras de segurança mostra o garoto sendo arrastado por eles em rua próxima ao Habib’s. Duas testemunhas também confirmam a versão de que João Victor foi agredido pelos funcionários. No entanto, apesar da aceitação do pedido, a Polícia Civil não quer a participação dos peritos independentes contratados pela família, informou a Ponte Jornalismo. A família já solicitou à juíza Flavia que autorize o acompanhamento da exumação por peritos independentes.

A preocupação é que, sem peritos independentes, o mesmo resultado do primeiro laudo se repita. Dentre os problemas, o perito chileno Eduardo Llanos apontou a velocidade com que o laudo foi concluído. Segundo ele, um laudo que pudesse encontrar resíduos de cocaína no sangue do menino levaria entre 25 e 35 dias para ficar pronto. O documento do IML foi expedido em 24 horas. Além disso, Llanos argumentou que o IML ignorou restos de alimentos encontrados nos brônquios de João Victor. Isso pode ter ocorrido por um grande esforço do jovem em uma situação de enforcamento.

História repetida

O caso de João Victor não é o primeiro ocorrido na lanchonete Habib’s da Vila Nova Cachoeirinha. Segundo reportagem do jornal O São Paulo, da Arquidiocese paulistana, em março de 2002 o adolescente Cláudio Carvalho, de 14 anos, foi morto com um tiro disparado pelo segurança Anderson Pereira Andrade, após comprar um lanche na unidade. Ele teria sido confundido com outro garoto que havia provocado os seguranças.

Andrade foi preso no Rio de Janeiro e condenado pela morte do garoto. À época, o Habib’s tentou desvincular-se do segurança, alegando que ele fora convidado a prestar serviço por outro funcionário. Mais detalhes do caso constam da edição de 27 de outubro de 2016 do Diário da Justiça do Estado de São Paulo.

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