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PM ataca na Cracolândia; fotógrafo é ferido com tiro na perna

Polícia usa bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Dois fotógrafos que cobriam a ação estão entre os feridos, um deles com munição letal. Não há informações sobre o motivo da ação

Sebastião Moreira(EFE)/Arfoc-SP

Bala que atingiu fotógrafo Dário Oliveira não é de borracha

São Paulo – A Força Tática da Polícia Militar paulista atacou hoje (23) dependentes químicos frequentadores da chamada Cracolândia, na Luz, centro de São Paulo, com balas de borracha, cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Há relatos de feridos, inclusive os fotógrafos Dário Oliveira e Marcelo Carneiro da Silva, o Chello, atingidos por projéteis letais.

Ele está sendo atendido na Santa Casa de Misericórdia e passa bem, segundo nota da seção paulista da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc-SP). Segunda a entidade, Chello foi salvo pelo celular que estava no bolso.

Atacados com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, os frequentadores da Cracolândia revidaram com pedras e atearam fogo em lixo e entulho. Agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) também estão no local dando apoio à ação da PM. Há dezenas de policiais, viaturas e helicóptero no local. A Secretaria de Estado da Segurança Pública não informou o motivo da ação policia.

Segundo o coordenador da Pastoral do Povo da Rua, padre Júlio Lancellotti, a ação policial se iniciou sem aviso. “Mais uma vez a polícia trata os irmãos de rua como lixo, como bandidos. Não há justificativa para essa violência, é somente mais uma limpeza”, afirmou.

Chello/FramePhoto/Folhapress
Secretaria da Segurança não explicou a motivação do ataque da PM contra os dependentes químicos

A secretária municipal de Assistência Social, Soninha Francine, utilizou as redes sociais para criticar a ação policial. “Inadmissível a Polícia tacar bombas dentro da Tenda Helvetia (local de atendimento à população de rua e dependentes químicos). Seja qual for o fato que motivou a entrada da PM, a ação em si foi absurda. Em qualquer aglomeração, uma ação ostensiva da polícia, sem inteligência e medida, pode ser desastrosa. No ‘fluxo’ da Cracolândia, com toda a tensão do território e fragilidade das pessoas, está fadada ao desastre”, escreveu.

A diretoria da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo (Arfoc-SP) afirmou que “cobra providências urgentes da autoridades no sentido de identificar e punir o autor do disparo contra os jornalistas”. Segundo a entidade, a foto de Dário ferido foi enviada por Sebastião Moreira, da agência internacional EFE.

 

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